O Governo anunciou na quinta-feira à noite o major-general David Zini para o cargo, apesar da oposição da procuradora-geral, Gali Baharav-Miara, à nomeação de um substituto para Ronen Bar, por receio de um "conflito de interesses" em relação ao chamado caso "Qatargate".
O Shin Bet está a investigar vários conselheiros de Netanyahu por alegada fuga de informações favoráveis ao governo do Qatar para os meios de comunicação social.
Netanyahu negou a existência de um conflito de interesses na decisão de nomear David Zini, segundo um comunicado divulgado pelo gabinete do primeiro-ministro citado pela agência de notícias -Presse (AFP).
"É imperativo nomear um chefe permanente do Shin Bet o mais rapidamente possível", afirmou Netanyahu.
Segundo o primeiro-ministro, "o chefe nomeado do Shin Bet [David Zini] não estará de forma alguma envolvido" nas investigações do caso "Qatargate".
"Trata-se de uma necessidade de segurança da mais alta ordem e qualquer atraso compromete a segurança do Estado, bem como a dos nossos soldados", acrescentou no comunicado.
A posição do Governo foi divulgada depois de Baharav-Miara ter acusado Netanyahu de atuar contra a decisão do Supremo Tribunal, que decidiu esta semana que o despedimento de Ronen Bar era ilegal.
A procuradora-geral apelou para que não fosse nomeado um substituto em tais circunstâncias, considerando que o processo estava viciado devido a um "conflito de interesses" por parte do primeiro-ministro.
O despedimento de Ronen Bar foi criticado pela oposição e por alguns membros da opinião pública como um castigo pela investigação do "Qatargate", de acordo com a agência de notícias espanhola Europa Press.
Netanyahu justificou o despedimento com o argumento de que Bar foi responsável pelas falhas de segurança nos ataques do grupo radical palestiniano Hamas de 07 de outubro de 2023.
Bar afirmou que não foi despedido por razões profissionais, mas sim pela alegada "falta de lealdade" exigida pelo próprio primeiro-ministro, que lhe pediu "obediência total" perante os tribunais em caso de crise constitucional.
O chefe do Estado-Maior do exército, tenente-general Eyal Zamir, agradeceu a Zini o "serviço significativo" no exército, e referiu que o major-general deixará o uniforme nos próximos dias, de acordo com um comunicado militar.
"Qualquer discussão entre um militar em serviço e um membro do aparelho político deve ar pela aprovação do Chefe do Estado-Maior!", acrescentou no comunicado.
O tom da declaração e o ponto de exclamação usado suscitaram comentários nos meios de comunicação social sobre o despedimento de um general que alguns viam como o futuro chefe do exército, segundo a AFP.
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