"Nós tivemos a oportunidade aqui, logo no primeiro dia, de ser recebido pelo presidente [Luiz Inácio] Lula da Silva, em que ele enfatizou muito a questão que tem uma dívida histórica com o continente africano, uma vez que, segundo ele, há mais de três séculos, muitos africanos vieram ao Brasil, e grande parte daquilo que o Brasil é hoje deve muito ao povo africano", disse Nilton Garrido de Sousa Pontes.
O ministro são-tomense sublinhou ainda a posição de Lula da Silva ao assumir que quer apoiar "em termos de transferência de conhecimento, de tecnologia".
À margem do II Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural, em Brasília, no qual participaram a convite do Brasil delegações de 42 países africanos, Garrido agradeceu ainda o facto de "Lula voltar de novo a colocar a questão da fome no mapa mundial".
"Vimos que o Brasil há 50 anos era um importador de alimentos, portanto, os solos aqui no Brasil eram tidos como solos altamente pobres e improdutivos. E com a criação da empresa pública, que é a Embrapa, que é uma empresa de pesquisa e desenvolvimento agropecuário brasileiro, o Brasil conseguiu dar [um] salto tecnológico", disse o ministro, referindo-se ao facto do Brasil ser neste momento um dos principais exportadores de alimentos no mundo.
No caso de São Tomé e Príncipe, disse, o Brasil "pode ajudar com tecnologia, na capacitação de recursos humanos e na formação".
O II Diálogo Brasil-África arrancou na segunda-feira e decorreu até quinta-feira, reunindo ministros da Agricultura africanos, representantes de organizações internacionais, bancos de desenvolvimento, instituições de pesquisa, organizações e cooperativas da agricultura familiar, bem como entidades do setor privado.
A tónica esteve centrada na promoção de experiências e tecnologias para fortalecer a produção alimentar local, valorizando a agricultura familiar, a sustentabilidade e as políticas públicas.
A programação incluiu visitas técnicas perto de Brasília, com foco em agricultura familiar, bioinsumos (materiais de origem biológica) e comercialização e uma deslocação ao Vale do São Francisco, uma região atravessada pelo rio São Francisco e seus afluentes, que atravessa vários estados brasileiros.
Na abertura do encontro, na segunda-feira, o Presidente do Brasil assumiu que o país tem uma dívida histórica com África e prometeu apoiar o continente na luta pela segurança alimentar.
Lula da Silva disse ainda que o Brasil deve "aos 350 anos em que este país explorou uma grande parte do povo africano".
"E eu tenho consciência de que o Brasil não pode pagar isso em dinheiro", frisou, recebendo uma salva de palmas da plateia ao dizer que pode "pagar em solidariedade e em transferência de tecnologia".
Dirigindo-se aos ministros da Agricultura africanos presentes, Lula garantiu que "o Brasil pode ajudar, tem como ajudar".
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