A Universidade de Harvard processou o presidente norte-americano, Donald Trump, na sequência da decisão de revogar a permissão de alunos internacionais se matricularem naquela instituição de ensino superior, esta sexta-feira.
O organismo considerou que a revogação se trata de uma "violação flagrante" da Constituição dos Estados Unidos e de outras leis federais, tendo um "efeito imediato e devastador" na universidade e em mais de sete mil titulares de vistos, numa queixa apresentada no tribunal federal de Boston.
“Com o golpe de uma caneta, o governo procurou eliminar um quarto do corpo discente de Harvard, estudantes internacionais que contribuem significativamente para a Universidade e para a sua missão. É o mais recente ato do governo em clara retaliação por Harvard ter exercido os seus direitos da Primeira Emenda para rejeitar as exigências do governo de controlar a governação de Harvard, o seu currículo e a ‘ideologia’ dos seus professores e estudantes”, considerou a entidade, citada pela agência Reuters.
Recorde-se que a secretária da Segurança Interna criticou Harvard por se recusar a transmitir informações ao governo, "enquanto perpetua um ambiente perigoso no 'campus', hostil aos estudantes judeus, encorajando simpatias pró-[movimento islamita palestiniano] Hamas e utilizando políticas racistas de 'diversidade, equidade e inclusão'".
O Executivo norte-americano deu na quinta-feira 72 horas à Universidade de Harvard para lhe fornecer os registos dos estudantes estrangeiros. Em particular, exigiu quaisquer provas do alegado envolvimento de estudantes estrangeiros em "atividades violentas", incluindo protestos, nos últimos cinco anos. Só então será restituída a autorização, que retirou, de issão de estudantes estrangeiros.
Harvard, uma das universidades mais prestigiadas do mundo, acolhe cerca de 7.000 estudantes internacionais que perderiam o estatuto de residência no país se não se transferissem para outra universidade.
Cerca de 20% dos estrangeiros de Harvard são cidadãos chineses, de acordo com algumas estimativas.
Saliente-se ainda que a istração Trump iniciou há vários meses um forte ataque ao ensino superior nos Estados Unidos, acusando as universidades privadas mais prestigiadas do país de terem permitido o florescimento do antissemitismo e de não terem protegido suficientemente os estudantes judeus durante manifestações contra a guerra de Israel na Faixa de Gaza.
De uma forma mais geral, o campo republicano critica as grandes universidades norte-americanas por promoverem ideias de esquerda, consideradas demasiado progressistas.
As associações de defesa das liberdades individuais consideram que ofensiva de Trump às universidades é um ataque à liberdade de expressão e uma tentativa de calar as críticas a Israel.
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