Catarina Martins, eurodeputada e antiga coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), considerou, este sábado, que a "queda" nas eleições legislativas de 18 de maio "não foi" de Mariana Mortágua, mas de todo o partido, dizendo estar "bastante aliviada" com o facto de atual líder bloquista não se demitir.
"Estou bastante aliviada por Mariana Mortágua não se demitir. Vamos ter eleições autárquicas daqui a poucos meses. Os partidos, mesmo quando estão em momentos muito complicados como o BE, têm de manter capacidade de organização, de resposta", afirmou Catarina Martins em entrevista à CNN Portugal.
"Haver, neste momento, um vazio em que não existisse uma direção capaz de conduzir este período tão complicado, acho que seria verdadeiramente irresponsável. Pessoalmente, sei que este momento é muito difícil e estou muito grata à Mariana por assumir esta responsabilidade", acrescentou.
Confrontada com o exemplo do Partido Socialista (PS), que vai escolher um novo líder, Catarina Martins disse respeitar as decisões dos socialistas, mas declarou que não lhe "parece que seja boa ideia". "Não me parece que seja boa ideia um partido ficar nessa situação a tão poucos meses de autárquicas e quando tem decisões tão complicadas para fazer", concretizou.
Desta forma, referiu que a atual direção "fica em funções até às autárquicas, mas logo a seguir" haverá nova Convenção Nacional do BE.
Ainda sobre as legislativas, a eurodeputada bloquista fez questão de ressalvar: "A queda não foi da Mariana Mortágua, foi do Bloco de Esquerda todo. Foi de todos nós. E é bom analisarmos assim os problemas".
Na mesma entrevista, Catarina Martins aproveitou ainda para recordar a polémica em torno do despedimento de mulheres que tinham sido mães recentemente em 2022. "Foi comigo, eu era coordenadora do BE", referiu.
"Esse caso apareceu recentemente para atacar a Mariana Mortágua (...) e se todos nós devemos reconhecer os erros, eu devo reconhecer o meu", apontou.
Segundo Catarina Martins, Mariana Mortágua "quis, por ser a coordenadora, responder por um caso que reapareceu".
"Devia ter sido eu a falar dele. A Mariana Mortágua não esteve sequer envolvida neste processo", reiterou, defendendo ainda que o BE "não só cumpriu a lei como foi além da lei para proteger as pessoas".
Recorde-se que Mariana Mortágua anunciou hoje que a Mesa Nacional do BE convocou a XIV Convenção do partido para os dias 29 e 30 de novembro, abrindo um novo período para apresentação de candidaturas aos órgãos nacionais.
No ado dia 18, os bloquistas obtiveram o seu pior resultado de sempre em eleições legislativas, com menos 154.818 votos face a 2024 e ando de cinco parlamentares para uma deputada única: a líder, Mariana Mortágua, cabeça de lista por Lisboa.
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