Em declarações aos jornalistas após uma audiência com o Presidente da República no Palácio de Belém, que durou cerca de 45 minutos, Inês de Sousa Real comentou as notícias das demissões na sua direção em desacordo com a atual direção, assegurando que a sua liderança "tem sido marcada sempre pela abertura, pelo diálogo e pela participação".
"Tenho a minha consciência mais do que tranquila enquanto líder e acho que os portugueses também já conhecem a minha maneira de ser e de estar e portanto não alimento esse tipo de narrativas que são completamente falsas e infundadas", afirmou, depois de se questionada sobre se não receia que a sua liderança esteja fragilizada.
A líder do PAN garantiu que no dia em que sentir que não está a cumprir bem o cargo para que foi eleita será a "primeira a ceder o seu lugar a outra pessoa dentro do partido".
Sousa Real frisou que "em democracia há sempre vozes dissonantes" e lamentou que "tenha havido aproveitamento de quem colocou nos órgãos de comunicação social, contra a vontade dos próprios, a informação da sua saída".
"Na minha liderança já tivemos mais atos eleitorais que em toda a vida depois do PAN com outros líderes e, para além do facto de ser uma líder mulher que nunca tinha tido uma voz no partido enquanto liderança. Neste momento há desafios maiores do ponto de vista nacional e é esse o nosso foco da parte do PAN", acrescentou, para depois assegurar que tem tido abertura até para lá do que consta nos estatutos do partido.
No dia das legislativas, dois membros da comissão política nacional do PAN, Anabela Castro e Nuno Pires, eleitos pela lista da atual líder, Inês de Sousa Real, demitiram-se desse órgão, acusando a direção de desrespeito pela democracia interna, centralização do poder e silenciamento dos críticos.
No comunicado, a que a Lusa teve o, Anabela Castro e Nuno Pires justificam a sua saída com o "desacordo com o rumo atual da gestão interna do partido", alegando que o PAN deixou de ser "o espaço ético, respeitador coerente e plural que o diferenciava no panorama político nacional".
"A direção atual (ou parte dela), revela uma visão demasiado autocentrada e autocrática, de quem não se responsabiliza pelos resultados, saídas e descontentamentos que o partido tem sistematicamente sofrido, optando em vez disso por criarem narrativas de traição e de abandono, com ataques a qualquer posição ou crítica divergente do atual 'status quo'", lê-se.
Hoje, os dois ex-dirigentes criticaram a divulgação pública do comunicado conjunto em que anunciaram a sua saída do órgão dirigente do partido, considerando que se tratava de informação interna, que não deveria ter sido publicada por órgãos de comunicação social.
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