O governo dos Países Baixos caiu esta terça-feira. O primeiro-ministro, Dick Schoof, demitiu-se depois de o líder do partido de extrema-direita, Geert Wilders, ter retirado o partido da coligação governamental.
Os dois partidos desentenderam-se por causa da política de imigração.
Este governo esteve em funções durante 11 meses. Era formado por uma coligação de quatro partidos.
Agora, novas eleições gerais vão realizar-se, um ano e meio depois das anteriores, que foram vencidas pelo Partido da Liberdade (PVV).
Em conferência de imprensa após uma reunião ministerial de quase duas horas, Dick Schoof revelou que apresentará as demissões dos cinco ministros ao Rei Willem-Alexander e que, a partir de então, o Governo ficará remetido à gestão de assuntos em curso.
"No Conselho de Ministros, discutimos a situação atual e concluímos que, com a saída do PVV, já não há apoio suficiente no parlamento para este executivo", afirmou Schoof, acrescentando que transmitiu aos líderes das quatro fações da coligação que a queda do Governo é "desnecessária e irresponsável".
Schoof, um funcionário público de carreira sem filiação partidária, comentou que, quando foi convidado para primeiro-ministro há um ano, aceitou o cargo "com a convicção de que poderia contribuir de alguma forma para a solução dos problemas que o país enfrenta".
Afirmou ainda que "mantém essa convicção" e, por isso, continuará a trabalhar a título interino até que seja formado um novo governo.
"Estamos a enfrentar grandes desafios a nível nacional e internacional e, mais do que nunca, precisamos de determinação para garantir a segurança, a resiliência e a economia", justificou.
Schoof ficará acompanhado por ministros do partido liberal VVD, dos Democratas Cristãos (NSC) e do Partido dos Agricultores (BBB), mas desconhece-se quem ocupará temporariamente os cinco ministérios deixados pelos políticos ligados ao PVV.
"Num mundo em rápida mudança, para todas as pessoas nos Países Baixos que estão preocupadas em encontrar um lar, com o seu rendimento, para os agricultores e horticultores que desejam um futuro, e também para retomar o controlo da migração. Tudo isto requer ação, não atrasos", prosseguiu Schoof.
Já Wilders, recentemente, afirmou que o governo estava a demorar demasiado tempo a pôr em prática a "política de imigração mais rigorosa, jamais vista" nos Países Baixos.
Após a vitória eleitoral, que provocou reações em todo o continente europeu, as sondagens continuam a mostrar que o partido político de Wilders, o PVV, continua a ser o mais forte. No entanto, no fraturado sistema político do país, nenhum partido consegue obter uma maioria absoluta no Parlamento composto por 150 deputados. Assim, Wilders precisa de parceiros de coligação.
O quarto partido da atual aliança governamental, o Novo Contrato Social, que se afirma "anticorrupção", caiu nas sondagens desde a saída do líder Pieter Omtzigt.
Os partidos de extrema-direita estão a crescer em toda a Europa. Em maio, o partido de extrema-direita Chega ficou em segundo lugar nas eleições portuguesas. Na Alemanha, o AfD, partido de extrema-direita anti-imigração, duplicou o resultado nas eleições gerais de fevereiro para 20,8%.
[Notícia atualizada às 16h57]
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