Os Wazalendo cometeram assassínios, espancamentos e extorsões, disse a organização, sublinhando que não é claro o controlo que as Forças Armadas da RDCongo (FARDC) têm sobre estes grupos, disse a organização num comunicado.
Após a escalada de violência do M23 no início do ano e a sua ocupação em janeiro da cidade de Goma, capital da província do Kivu Norte, e em fevereiro de Bukavu, capital do Kivu Sul, os Wazalendo tomaram o controlo de várias localidades deste último território.
Entre março e abril, os milicianos montaram postos de controlo nas principais estradas da província e começaram a assediar os residentes, cobrando taxas, de acordo com as autoridades locais.
A HRW citou um relatório recente do instituto congolês Ebuteli, que concluiu que, apesar de os Wazalendo receberem material militar do Governo, as milícias "vivem em grande parte à custa da população" e extorquem-lhe dinheiro.
A ONG também documentou casos em que os membros do grupo "espancaram e açoitaram" homens e mulheres que acusaram de atos ilícitos, como roubo.
Muitos dos abusos da milícia são dirigidos contra a comunidade Banyamulenge, um povo minoritário do leste da RDCongo com uma língua e cultura semelhantes às dos ruandeses, que é frequentemente considerado estrangeiro ou tutsi (o grupo visado nos massacres do genocídio ruandês de 1994) por outros grupos étnicos congoleses.
O M23 - constituído maioritariamente por tutsis - e o Governo ruandês, que o apoia, têm utilizado estes episódios de violência para justificar a ofensiva.
A HRW documenta casos como o de um homem de 25 anos que morreu depois de ter sido baleado na anca por membros do Wazalendo, que o acusaram de ser ruandês, em meados de fevereiro.
"Disseram que não éramos congoleses e que éramos ruandeses. Disseram que eu tinha vindo para a cidade de Bibokoboko para 'limpar' os Banyamulenges. Mataram sete pessoas e destruíram casas, centros de saúde e escolas", disse um líder comunitário sobre outro ataque no início de março.
"O exército congolês arrisca-se a ser cúmplice de abusos ao apoiar as milícias 'Wazalendo'", a quem tem continuado a fornecer armas, munições e apoio financeiro, alertou Clémentine de Montjoye, investigadora sénior da HRW em África.
As perspetivas de uma solução negociada para o conflito foram reavivadas em 25 de abril, quando o Ruanda e a RDCongo am em Washington um acordo mediado pelos EUA para iniciar negociações de paz.
Além disso, o Governo congolês e o M23 retomaram as conversações de paz em Doha, no início de maio, sob os auspícios do Qatar.
A atividade armada do M23 recomeçou no Kivu do Norte em novembro de 2021, com ataques relâmpagos contra o exército congolês.
O leste da RDCongo está mergulhado em conflitos desde 1998, alimentados por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão de paz das Nações Unidas (Monusco).
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