Gouveia e Melo alerta para eventuais ameaças a territórios marítimos

O almirante na reserva e candidato presidencial Gouveia e Melo alertou hoje para eventuais ameaças aos territórios marítimos de Cabo Verde e de Portugal, face ao "prenúncio" de uma nova ordem mundial, ao intervir numa conferência, na cidade da Praia.

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Lusa
23/05/2025 19:23 ‧ há 3 horas por Lusa

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Gouveia e Melo

"Se essa ordem for alterada, todas as considerações que pudermos fazer sobre a zona económica exclusiva, sobre a plataforma continental ou outras [jurisdições] que derivem do direito e relações internacionais podem estar em causa", disse

 

"Pode haver novas formas de pensar, dizer que não é justo que um país pequeno tenha tanto território marítimo, que deve ser dividido pelo número de população ou [seguir] outra lógica qualquer", disse numa intervenção remota, a partir de Lisboa, na Cimeira de Liderança (Leadership Summit), realizada no auditório do Parque Tecnológico da Praia.

Portugal e Cabo Verde devem "olhar com muito cuidado" para as alianças que estabelecem: "não estou só a falar de alianças militares, [mas também] políticas, culturais, comerciais, tudo isto está em jogo", referiu.

"Vamos todos viver momentos -- e não estou só a falar de Cabo Verde - em que só a inteligência, bom senso, muita diplomacia e cultura nos poderão servir, face a uma ordem mundial que se está a construir com base no poder", acrescentou.

"Vemos uma tentativa de uma potência violar as fronteiras de outra e, dessa forma, conseguir reescrever a geografia e a história" - numa alusão à invasão russa da Ucrânia -, com a "benevolência" da istração norte-americana, que também expressa ambições territoriais relativamente à Gronelândia.

A aceitação por parte dos Estados Unidos "de novas fronteiras no leste da Ucrânia poderá ser o prenúncio de uma nova ordem mundial baseada no poder", justificou.

Durante a intervenção, Gouveia e Melo defendeu ainda uma estratégia que junte Portugal, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe para promover a economia azul atlântica.

"Acho que nós, portugueses, cabo-verdianos e são-tomenses, devíamos fazer um acordo muito especial (..) a que eu chamo a maraconésia que fala português", apontou.

"Este conjunto de territórios, se unidos através de uma estratégia de desenvolvimento - e intermediação do que é esta nova economia azul, transacional, à volta do Atlântico, com uma África que vai crescer para o dobro da sua população -, pode ser uma saída muito relevante para o nosso posicionamento, seja político ou económico", considerou.

A par dos conceitos do que é ser europeu ou africano, Gouveia e Melo apresentou-se como "atlantista", alguém que opera "no centro de um 'hub' de ligações futuras, de importância crucial para metade da população mundial".

Além de biotecnologia, pescas, transportes ou outros setores mais tradicionalmente associados ao mar, apontou para uma ligação entre o Atlântico e a "economia do futuro", relacionada com serviços digitais ancorados em cabos submarinos, que já permitem a Cabo Verde, por exemplo, ter condições para atrair novos investimentos.

"Haver um lugar em que há dados, conexões e energia", graças ao desenvolvimento de fontes renováveis, "são elementos importantes para esta nova economia, além do turismo e cultura", atuais motores da riqueza cabo-verdiana, concluiu.

Leia Também: Do 'timing' "criticável" ao "perigo". O avanço de Gouveia e Melo a Belém

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