No rescaldo dos festejos do bicampeonato do Sporting, no último fim de semana, onde alguns adeptos do Sporting Clube de Portugal ficaram gravemente feridos devido à carga policial, a Polícia de Segurança Pública (PSP) vem relembrar alguns dados sobre o uso de pirotecnia em eventos desportivos, alertando os adeptos de que existem riscos elevados no uso e manuseamento destes artefactos.
O aviso da força de autoridade antecede o jogo do Final da Taça de Portugal, envolvendo o Sporting Clube de Portugal e o Sport Lisboa e Benfica, que se realiza no próximo domingo (pelas 17h15), no Estádio do Jamor, em Oeiras.
"ados 29 anos do trágico e fatídico incidente na Final da Taça de Portugal, também no Estádio do Jamor, em Oeiras, envolvendo as mesmas equipas, e depois do uso massivo de artigos de pirotecnia por determinados grupos de adeptos nos dois últimos fins de semana, a PSP alerta para os perigos da utilização irregular de artigos desta natureza", pode ler-se, no comunicado hoje enviado.
A força de autoridade apela ao "cumprimento das indicações dos polícias em serviço", evitando alinhar em comportamentos que sejam lesivos, "como o uso de pirotecnia, atos de violência ou desrespeito pelas regras e regulamentos dos estádios".
O uso de engenhos explosivos, explica a PSP, está a tornar-se uma "problemática de dimensão europeia" e "contribui, de forma premente, para a dimensão reputacional dos Grupos Organizados de Adeptos (GOA), nomeadamente pelo alcance que as redes sociais conferem a estas condutas".
"No que respeita ao contexto nacional, nas últimas épocas desportivas, os GOA do SL Benfica e do Sporting destacam-se como os mais prevalentes nesta tipologia de incidente, sendo que a grande maioria das situações são registadas na 1.ª Liga e nas Competições UEFA", destaca a autoridade.
Quais são os riscos do uso de artigos pirotécnicos?
Os artefactos explosivos e pirotécnicos podem causar queimaduras e são suscetíveis de provocar incêndios; geram fumos que, para além da sensação de pânico que pode causar entre grandes multidões, podem ser tóxicos e suscetíveis de exacerbar as condições respiratórias de quem os inalar; pode ter impacto na cabeça, olhos e ouvidos, seja através da detonação ou os estrondos decorrentes da detonação e pode causar lesões nos olhos, pela contaminação química.
Porque é que se tornaram de novo tão utilizados?
Segundo a autoridade, o renovado interesse na utilização deste tipo de materiais advém de vários fatores:
- Normalização da posse/uso dos artigos de pirotecnia pela população, em geral, e pelos adeptos de futebol, em especial;
- Um enquadramento legal permissivo quanto ao uso de pirotecnia em eventos desportivos, criando a perceção social de uma prática tolerada e de se tratar de uma “bagatela” penal ou contraordenacional;
- Uso indiscriminado de artigos desta natureza durante festejos;
- Facilidade de o a estes artigos (compra online);
- Desconhecimento da sua perigosidade (a maioria dos quais são produzidos sem o cumprimento dos requisitos de segurança);
- Facilidade de ocultação no corpo aquando da entrada no recinto desportivo;
- Criação de pressão na zona das revistas, impossibilitando que as mesmas garantam critérios de eficácia/exigência;
- Rede de os que permite a colocação prévia destes engenhos no interior do recinto desportivo;
- Motivação dos GOA na sua introdução e deflagração, tendo em conta o potencial na capitalização da sua reputação;
- Sentimento de impunidade no uso de artigos de pirotecnia dentro e fora dos recintos desportivos.
Qual é o enquadramento legal?
- Proibição de utilização de qualquer tipo de petardo, da categoria F2 ou F3;
- Constitui crime a posse ou uso de artigos de pirotecnia das categorias F4, T2, P2, ou artigos de pirotecnia para embarcações exceto fogos-de-artifício das categorias F1, F2, F3, T1 ou P1 – Art.º 86.º, n.º 1, al. d) do RJAM;
- Constitui contraordenação a disponibilização de artigos a consumidores infringindo a idade limite mínima – Art.º 7 n.º 1 do DL 135/2015;
- Constitui contraordenação o incumprimento mínimo da distância de segurança – Art.º 11 n.º 2 i) do DL 135/2015;
- Constitui contraordenação a posse ou uso de petardos/petardos flash da categoria F3 – Art.º 5.º n.º 5 b) i) do Regulamento n.º 1/2025;
- Constitui contraordenação a posse ou uso de petardos/petardos flash da categoria F2 sem autorização da DN/PSP – Art.º 5.º n.º 5 b) ii) do Regulamento n.º 1/2025;
- Constitui contraordenação o uso de artigos da categoria F3 (qualquer artigo desta categoria) em espaço público ou equiparado – Art.º 9.º n.º 1 a) do Regulamento n.º 1/2025;
- Proibição de venda de artigos de pirotecnia através de plataformas eletrónicas ou por telefone, sempre que não seja o próprio comprador a proceder ao levantamento destes artigos junto do estabelecimento de venda devidamente licenciado pela PSP para essa atividade comercial;
- Encontrando resíduos perigosos ou artigos de pirotecnia não deflagrados, não mexer;
- O uso de artigos de pirotecnia acarreta elevada perigosidade para a integridade física do utilizador e de terceiros e elevado risco de incêndio na época em que nos encontramos.
O dérbi entre o Sporting, bicampeão nacional e 17 vezes vencedor da Taça de Portugal, e o Benfica, recordista de títulos, com 26, vai ser arbitrado por Luís Godinho, da associação de Évora.
A PSP deixa alguns conselhos para evitar comportamentos de risco nas deslocações para o estádio e para locais de festejo:
- "Não porte objetos proibidos;
- Não utilize pirotecnia;
- Não suba a estruturas;
- Evite distúrbios e confrontações;
- Apele à harmonia entre todos, independentemente das cores de cada camisola;
- Diga não à violência, à intolerância, ao racismo e à xenofobia, em todo e qualquer ambiente, incluindo em contexto desportivo."
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