De acordo com o Ministério do Comércio chinês, Wang reuniu-se na terça-feira com a diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, à margem de uma reunião ministerial da organização em Paris, onde mantiveram uma "discussão aprofundada sobre a grave situação do comércio mundial".
"Em resposta à imposição arbitrária de tarifas por parte de alguns membros, a OMC deve reforçar a supervisão destas tarifas unilaterais e oferecer recomendações políticas objetivas e neutras", afirmou o ministério, numa referência velada aos Estados Unidos.
A mensagem instou ainda os países-membros da OMC a garantir que quaisquer acordos comerciais bilaterais "cumpram as regras" da organização e "evitem prejudicar os interesses de terceiros".
Wang reiterou a posição da China de defender "um sistema comercial multilateral" e afirmou que a OMC tem o seu apoio para desempenhar "um papel mais importante na governação económica global".
O ministro chinês reuniu-se ainda com o Comissário Europeu para o Comércio, Maros Sefcovic, com quem manteve discussões "profundas, francas e abrangentes" sobre "questões urgentes e importantes relacionadas com a cooperação económica e comercial entre a China e a União Europeia".
De acordo com o ministério, Wang apelou a maiores esforços para "preparar a importante agenda entre a China e a UE este ano", que inclui uma cimeira para celebrar o 50.º aniversário das relações bilaterais.
Os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, Ursula von der Leyen e António Costa, respetivamente, deverão deslocar-se a Pequim na segunda metade de julho para se reunirem com o líder chinês, Xi Jinping.
Von der Leyen afirmou que a UE deve "trabalhar construtivamente com a China para encontrar soluções" ao longo deste ano, e que Bruxelas deve "manter uma relação mais equilibrada com Pequim, num espírito de justiça e reciprocidade".
A UE apelou ainda à China para evitar "uma nova escalada" na guerra comercial desencadeada pelas tarifas anunciadas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, embora Pequim acredite que Washington não está a cumprir o acordo alcançado pelas duas potências em Genebra.
Por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, reuniu-se na terça-feira com o embaixador dos Estados Unidos na China, David Pound, a quem chamou a atenção para a introdução recente de "uma série de medidas negativas baseadas em argumentos infundados, minando os direitos e interesses legítimos da China".
"Opomo-nos firmemente a isso", sublinhou o chefe da diplomacia chinesa.
Entre as medidas referidas estão a suspensão das vendas de programas informáticos para o desenho de semicondutores, novos controlos à exportação de semicondutores vitais para a inteligência artificial e a revogação de vistos para estudantes chineses, uma medida que a China descreveu como discriminatória.
Em 12 de maio, ambas as potências acordaram uma trégua tarifária de três meses, na qual os EUA se comprometeram a reduzir as tarifas de 145% para 30% e a China de 125% para 10%, numa tentativa de abrir caminho a um acordo mais amplo.
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