António Guterres lamenta que "civis percam a vida à procura de comida"

O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou hoje o tiroteio perto de um centro de distribuição de ajuda humanitária no sul da Faixa de Gaza, que fez 27 mortos, uma situação que o seu porta-voz descreveu como inconcebível.

antonio guterres

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Lusa
03/06/2025 20:43 ‧ há 2 dias por Lusa

Mundo

Médio Oriente

inaceitável que os civis arrisquem e, por vezes, percam a vida simplesmente à procura de comida", disse Stéphane Dujarric aos jornalistas, reiterando o apelo para uma investigação independente e já exigida após incidentes semelhantes esta semana.

 

O Exército israelita anunciou que abriu uma investigação depois de a Cruz Vermelha ter confirmado a morte de 27 palestinianos após um tiroteio, ocorrido hoje perto de um centro de distribuição de ajuda humanitária no sul da Faixa de Gaza.

Na manhã de hoje, os soldados israelitas "dispararam tiros de aviso (...) contra suspeitos que se aproximavam de uma forma que colocava a sua segurança em risco", referiu Effie Defrin, porta-voz do Exército israelita.

"O incidente está sob investigação e vamos esclarecer completamente" o sucedido, acrescentou, indicando que o Exército "não estava a bloquear o o dos residentes de Gaza" aos pontos de distribuição de ajuda humanitária.

"Pelo contrário, estamos a permitir. É o Hamas que está a impedir esse o", contrapôs, em referência ao grupo islamita palestiniano que governa o território desde 2007.

O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) confirmou a morte de 27 pessoas nos incidentes junto do centro de distribuição de ajuda humanitária, tal como já tinham informado anteriormente as organizações de socorro do território palestiniano.

"Ao início desta manhã, o hospital de campanha da Cruz Vermelha, com 60 camas, em Rafah (sul), recebeu um fluxo massivo de 184 doentes. Dezanove deles foram declarados mortos à chegada, e outros oito sucumbiram aos ferimentos pouco depois. A maioria dos doentes foi baleada", descreveu o CICV em comunicado.

Os incidentes com tiros tornaram-se quase diários após uma fundação apoiada por Israel e pelos Estados Unidos ter estabelecido pontos de distribuição de ajuda humanitária dentro de zonas militares israelitas, um sistema que, segundo a organização, visa evitar o Hamas.

As Nações Unidas rejeitaram o novo sistema, alegando que não responde à crescente crise de fome no território e permite a Israel utilizar a ajuda humanitária como arma.

A organização em causa, a Fundação Humanitária de Gaza (GHF), nomeou entretanto um pastor evangélico de direita, o reverendo Johnnie Moore, para a sua liderança.

Em comunicado, a entidade privada encarregada desde a semana ada de entregar ajuda humanitária a um único local no sul da Faixa de Gaza anunciou que o reverendo, nomeado comissário para a Liberdade Religiosa Internacional pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, será o seu novo diretor-geral.

"É uma honra para mim contribuir com a minha experiência para ajudar a expandir esta missão vital e garantir que a comunidade de ajuda humanitária e a comunidade internacional em geral compreendem o que está a acontecer no terreno", disse Moore em comunicado.

Esta nomeação ocorre no mesmo dia em que meios de comunicação social norte-americanos noticiaram que o Boston Consulting Group (BCG), que até então prestava consultoria logística à GHF, está a abandonar as suas operações na fundação.

A saída da BCG coincide com a demissão de dois executivos da organização, relatos de violência no local de distribuição e alegações de grupos como os Médicos Sem Fronteiras, que acusam a GHF de utilizar a distribuição de ajuda para deslocar os residentes do enclave palestiniano como parte de "uma estratégia mais ampla de limpeza étnica na Faixa de Gaza".

A fundação apenas comentou que distribuiu "mais de sete milhões de refeições" em Gaza "através de um sistema de distribuição seguro, sem incidentes", segundo um porta-voz.

Nesse sentido, Moore alertou para "informações não verificadas de fontes que emitiram repetidamente relatos falsos".

O conflito na Faixa de Gaza foi desencadeado pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e mais de duas centenas de reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 54 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

Leia Também: Guterres condena ataque nos EUA e vandalismo de locais judaicos em Paris

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