168 trabalhadores mortos em 2024. Guterres exige fim da "impunidade"

O secretário-geral da ONU exigiu hoje o fim da "impunidade" ao homenagear os 168 trabalhadores das Nações Unidas que morreram "ao serviço da paz" em 2024, um ano especialmente devastador em Gaza, onde 126 funcionários foram mortos.

António Guterres

© Mostafa Bassim/Anadolu via Getty Images

Lusa
05/06/2025 16:13 ‧ ontem por Lusa

Mundo

ONU

Numa declaração à imprensa, em Nova Iorque, António Guterres indicou que dos 168 funcionários da ONU (militares, polícias ou civis) que morreram em 2024, a quase totalidade (125) estava ao serviço da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinianos (UNRWA) - amplamente atacada por Israel.

 

"Mais de um em cada 50 funcionários da UNRWA em Gaza foi morto neste conflito atroz. Este é o maior número de mortes de funcionários na história das Nações Unidas. Alguns foram mortos ao entregar ajuda humanitária; outros ao lado das suas famílias; outros enquanto protegiam os vulneráveis", recordou Guterres, sem mencionar diretamente Israel.

No enclave palestiniano, devastado pela guerra entre Israel e o grupo islamita Hamas, a UNRWA é considerada pela ONU, pela maioria dos Estados-membros e outras organizações como a "espinha dorsal" da ajuda humanitária à população.

No entanto, Israel, que cortou todos os os com a agência no final de janeiro, acusa-a de servir de cobertura ao Hamas e acusou 19 dos seus 13 mil funcionários na Faixa de Gaza de estarem diretamente envolvidos nos ataques do grupo radical palestiniano em 07 de outubro de 2023 em solo israelita que desencadearam o atual conflito.

"As mulheres e os homens que hoje homenageamos não eram apenas nomes de uma lista. Eram indivíduos extraordinários --- cada um deles uma história de coragem, compaixão e serviço. Eram movidos pela busca da paz. Pela urgência de aliviar o sofrimento humano. E pela convicção de que toda a pessoa, em qualquer lugar, merece dignidade e proteção", frisou Guterres.

Segundo o ex-primeiro-ministro português, o sacrifício de todos os 168 trabalhadores mortos ao redor do mundo é uma tragédia, mas também um lembrete da responsabilidade que cada funcionário da ONU carrega todos os dias.

Guterres observou que funcionários da ONU a trabalhar em conflitos "não procuram reconhecimento, procuram fazer a diferença".

"Quando o conflito irrompe, eles trabalham pela paz. Quando a violência e o desastre acontecem, prestam ajuda que salva vidas. Quando os direitos são violados, manifestam-se", acrescentou.

Face a todos as adversidades enfrentadas no terreno pelos trabalhadores da ONU, António Guterres garantiu que não ficará insensível ao sofrimento e não aceitará o assassínio dos seus funcionários, nem de outros humanitários, jornalistas, profissionais de saúde ou civis "como o novo normal em qualquer lugar e em nenhuma circunstância".

"Não deve haver espaço para a impunidade", insistiu.

E embora "possa parecer moda em certos setores criticar o multilateralismo" --- uma alusão velada ao Presidente norte-americano, Donald Trump, e outros políticos que têm defendido o isolacionismo ---, Guterres salientou: "As contribuições financeiras podem estar em dúvida, mas a dedicação da nossa equipa não".

A ONU tem sido severamente afetada por cortes de financiamento do seu maior doador, os Estados Unidos, após a chegada de Donald Trump à Casa Branca, em janeiro.

Apesar de a carga de trabalho da ONU aumentar de ano para ano, os recursos estão a diminuir em todos os setores, contribuindo para isso o facto de que nem todos os Estados-membros pagam na totalidade as obrigações anuais e muitos também não pagam a tempo.

"Num mundo em que a cooperação está sob pressão, e os nossos desafios estão mais interligados do que nunca, devemos recordar o exemplo dado pelos nossos colegas falecidos e o trabalho feito todos os dias por aqueles que levam o seu legado para a frente", disse o secretário-geral.

E concluiu: "Não vacilaremos nos nossos princípios. Não abandonaremos os nossos valores. E nunca, nunca desistiremos".

Leia Também: Irão critica veto dos EUA na ONU a resolução para cessar-fogo em Gaza

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