"Há claramente uma viragem à direita por parte deste Governo e essa viragem à direita, como em todos os países que estão a virar à direita, faz parte e uma receita, que é cortar nas despesas sociais e aumentar as despesas militares", afirmou Mariana Mortágua em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.
A coordenadora do BE aludia ao discurso do primeiro-ministro, Luís Montenegro, na tomada de posse do XXV Governo Constitucional, esta quinta-feira em Lisboa, no qual anunciou que Portugal vai antecipar o objetivo de atingir o investimento de 2% do PIB em Defesa, "se possível já este ano", sem pôr em causa as contas certas ou as funções sociais.
Mariana Mortágua considerou que o investimento em Defesa tem sido feito em detrimento da despesa social, afirmando que é o que se vê no projeto orçamental da istração dos Estados Unidos de Donald Trump e "é isso que vai estar em causa em Portugal".
"Temos o secretário-geral a exigir 5% dos orçamentos para armamento. Isto não se faz sem cortar em despesa social, ou seja, saúde, Segurança Social, tudo o que nós precisamos para funcionar enquanto sociedade. Temos as maiores desconfianças relativamente a este futuro orçamental e à direção que o Governo está a tomar", disse.
Sobre a orgânica do XXV Governo Constitucional, Mariana Mortágua criticou a decisão de o primeiro-ministro, Luís Montenegro, criar um Ministério da Reforma do Estado, "sem se dizer o que é essa reforma do Estado".
"É uma inspiração liberal dos piores exemplos que temos dos Estados Unidos da América ou da Argentina", defendeu, antes de criticar a escolha da ex-provedora de Justiça Maria Lúcia Amaral para ministra da istração Interna.
Para Mariana Mortágua, Maria Lúcia Amaral "tem um cadastro na sua luta contra liberdades individuais e medidas mais progressistas, incluindo na habitação".
"Eu recordo que, quando era Provedora de Justiça, a atual ministra da istração Interna pediu a fiscalização constitucional da norma que impedia o aumento das rendas, num momento de aflição para o país. Esta não é uma escolha ao acaso", defendeu, criticando ainda o facto de ter deixado de existir um ministério autónomo da Cultura.
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