O antigo secretário-geral do PS António José Seguro anunciou a candidatura às eleições presidenciais na terça-feira, juntando-se assim a Henrique Gouveia e Melo, Luís Marques Mendes e Mariana Leitão na 'corrida'.
Tal como Gouveia e Melo, apresentou-se como um "político livre dos partidos", apesar do ado ligado ao PS.
Já Marques Mendes, antigo presidente do PSD que quer "ser o Presidente de todos os portugueses", prometendo "unir e não dividir", tem o apoio assumido e "sem surpresa" dos social-democratas e do primeiro-ministro Luís Montenegro.
Mariana Leitão, reeleita na terça-feira líder parlamentar da Iniciativa Liberal (IL), também tem uma clara ligação ao partido, tendo até sido apresentada, em fevereiro, como a "candidata da IL à Presidência da República".
Apesar de as eleições presidenciais serem só no início do próximo ano e o país ainda ter autárquicas pela frente, a maioria dos candidatos tem exposto já algumas das suas ideias, convicções e promessas, sobretudo durante as apresentações das respetivas candidaturas. Fique a par do que cada um deles tem dito até agora.
António José Seguro
É o mais recente candidato na 'corrida', tendo assumido a candidatura às presidenciais do próximo ano apenas na terça-feira. Num vídeo divulgado pela CNN Portugal, apontou que o "país precisa de mudança e esperança numa vida melhor".
"Decidi e anuncio hoje, no dia em que começa uma nova legislatura que vai exigir muito de todos nós: sou candidato a Presidente da República", refere Seguro, que há meses andava a ser 'sondado' e questionado sobre se iria ou não avançar.
António José Seguro era um dos nomes falados para Belém. Tem 63 anos e um longo percurso no PS: liderou a Juventude Socialista e foi ministro no governo de António Guterres.
Seguro foi ainda líder dos socialistas de 2011 a 2014, tendo sucedido a José Sócrates no cargo e foi o secretário-geral do PS anterior a António Costa. Pelo 'caminho', em 2011, foi também eleito como Conselheiro de Estado.
Henrique Gouveia e Melo
Apesar do tabu dos últimos meses, Gouveia e Melo revelou que decidiu avançar com a candidatura formalizada no último mês em setembro do ano, impulsionado pelo regresso de Donald Trump à Casa Branca.
"Foi a possibilidade muito forte da nomeação de Trump a presidente", explicou em entrevista à CNN Portugal, descartando que o entretanto eleito presidente dos Estados Unidos fosse o "principal inimigo da Europa", mas reconhecendo que este traz "instabilidade, o que pode ser preocupante."
Tem o ex-líder do PSD Rui Rio como mandatário da candidatura, alguém que "já conhecia" e ira, mas "apareceu recentemente".
"Tenho uma grande iração por ele enquanto pessoa independente, com coragem, com capacidade negociar, mesmo quando estava na oposição. E tenho também alguma afinidade relativamente a objetivos em termos políticos. É um reformista, uma pessoa muito mais preocupada com a estratégia do que com a tática. Isso, de alguma forma, fez convergir-me com Rui Rio", justificou Gouveia e Melo.
Antigo militar, já tentou afastar o receio de uma liderança autoritária, defendendo uma adaptação aos "cargos e às responsabilidades que temos em cada momento" e argumentando que nos cargos anteriores tinha mesmo de exigir disciplina.
"Na minha opinião, e depois ver-se-á o resultado final, o caso do Mondego é um caso que tinha uma gravidade elevada para a situação das Forças Armadas, não só da Marinha. Eu tinha a necessidade de agir. Não podia ficar de braços cruzados e fingir que não existia", afirmou o almirante.
Sem ado com ligações a partidos políticos, rejeitou, desde já, qualquer possível apoio vindo do Chega ou de quaisquer "grupos organizados".
"Agora, todo o voto de todo o cidadão tem o mesmo valor [...]. O cidadão André Ventura fará o que achar bem, pode apoiar-me publicamente. Não posso impedir o cidadão André Ventura. Não permitirei que se junte às minhas comitivas", acrescentou.
Luís Marques Mendes
O antigo presidente do PSD quer "ser o presidente de todos os portugueses" e já revelou que a "ambição para Portugal" é a sua "grande causa".
"Quero ser o Presidente de todos os portugueses. Unir e não dividir", disse durante a apresentação da sua Comissão de Honra, na terça-feira, em Lisboa.
Frisou também que foi a sua "ambição" que levou a "negociar a possibilidade de reduzir o número de deputados" e que, por isso, "não é precisa nova revisão constitucional para reduzir deputados, basta coragem para cumprir a revisão anterior".
Perante as restantes candidaturas – tem com principais adversários assumidos nesta contenda eleitoral Henrique Gouveia e Melo e António José Seguro – defende que o cargo de Presidente da República "deve ser exercido por quem tem mais experiência política", assegurando que "não é um voto no desconhecido nem um tiro no escuro".
"Todos se podem, naturalmente, candidatar. Não é isso que está em causa. Mas aos portugueses compete avaliar. E desde logo deve ter em atenção isto. O cargo mais político na estrutura do Estado em Portugal deve ser exercido também pela democracia por quem tem mais experiência política. Nada disto é corporativo. Tudo isto é bom senso", atirou.
Marques Mendes afirmou que os mais de 20 anos em cargos públicos e mais de 10 de comentário televisivo permitiram aos eleitores conhecê-lo "muito bem", desde o seu pensamento político até aos seus defeitos. Assim, quer que essa exposição se traduza em "segurança, previsibilidade e confiança", e assegurou que a sua candidatura é uma "aposta na independência".
Quanto ao apoio do PSD à candidatura, Marques Mendes agradeceu, mas garantiu que preza a sua independência, "elogiando quando o elogio faz sentido" e "criticando quando as decisões assim o exigem".
Tem lembrado ainda o seu papel na última revisão constitucional em que "negociou o direito de voto dos portugueses que vivem fora de Portugal" e incluir na Constituição a possibilidade de "reduzir de 230 para 180 o número de deputados na Assembleia da República".
Mariana Leitão
A atual líder parlamentar da IL ainda não aprofundou o tema das Presidenciais, mas fez questão de reforçar, à semelhança dos restantes candidatos, que Portugal "precisa de esperança, coragem e ambição".
"Sou contra a ideia que se criou de que o país está estagnado e não pode sair daqui, de que o país tem de viver com medo de ter ambição. Não. Nós temos de ser ambiciosos. Temos de ser mais. E é isso que eu quero representar", atirou.
A deputada rejeitou a ideia de que a sua candidatura sirva para o partido "ganhar espaço mediático" e explicou: "É uma candidatura porque nenhuma das pessoas que se perfilava representa o espaço liberal e é preciso defender e ocupar esse espaço. É isso que eu quero".
Em entrevista ao Notícias ao Minuto durante a campanha para as últimas eleições legislativas, sublinhou o "compromisso" com as Presidenciais, independentemente do desfecho.
Com 42 anos, é gestora e foi eleita deputada pela primeira vez em 2024, enquanto "número dois" pelo círculo eleitoral de Lisboa.
Foi chefe de gabinete do Grupo Parlamentar entre 2022 e 2024 e, entre 2020 e 2022, presidente do Conselho Nacional. É licenciada em Relações Internacionais e aderiu à IL em 2019, já tendo sido igualmente deputada municipal em Oeiras.
Os restantes candidatos
Além destes quatro principais candidatos, há mais nomes que poderão aparecer nos boletins de voto. O líder do Chega, André Ventura, já avançou com a candidatura presidencial, mas itiu retirá-la por considerar que "o cenário mudou" depois das Legislativas, com o partido a ser o segundo mais votado. O atual chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, chegou, no mês ado, a aconselhar o líder do Chega a não se candidatar. Um conselho que Ventura acolheu como "compreensível"
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Ainda em 2024, o coordenador nacional do Sindicato para Todos os Profissionais da Educação (Stop), André Pestana, anunciou também que ia avançar com a candidatura, assumindo-se como independente e "a favor dos trabalhadores".
Quem também avançou para Belém foi o empresário Tim Vieira, que diz ser um "candidato sem partido e sem fardas".
Joana Amaral Dias e Tino de Rans também poderão oficializar a candidatura nas próximas semanas.
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