No discurso de encerramento da apresentação da comissão de honra da sua candidatura à Presidência da República, no edifício da UACS - União de Associações do Comércio e Serviço, Luís Marques Mendes defendeu o caráter "eminentemente político" do cargo de Presidente da República.
"Todos se podem, naturalmente, candidatar. Não é isso que está em causa. Mas aos portugueses compete avaliar. E desde logo deve ter em atenção isto. O cargo mais político na estrutura do Estado em Portugal deve ser exercido também pela democracia por quem tem mais experiência política. Nada disto é corporativo. Tudo isto é bom senso", atirou.
Marques Mendes afirmou que os mais de 20 anos em cargos públicos e mais de 10 de comentário televisivo permitiram aos eleitores conhecê-lo "muito bem", desde o seu pensamento político até aos seus defeitos.
Mendes - que tem com principais adversários assumidos nesta contenda eleitoral Henrique Gouveia e Melo e António José Seguro - garantiu que um voto na sua candidatura "não é nem um voto no desconhecido, nem um tiro no escuro", mas sim um "voto na experiência".
O antigo presidente do PSD defendeu que a sua experiência política traduz-se em "segurança, previsibilidade e confiança", e assegurou que a sua candidatura é uma "aposta na independência".
Apesar de agradecer o apoio do PSD à sua candidatura, Marques Mendes garantiu que preza a sua independência, "elogiando quando o elogio faz sentido" e "criticando quando as decisões assim o exigem".
"Agirei sempre assim na Presidência da República. Com isenção, imparcialidade e independência. Na linha da tradição de todos os Presidentes da República até hoje", acrescentou Marques Mendes.
Marques Mendes lembrou ainda o seu papel na última revisão constitucional em que "negociou o direito de voto dos portugueses que vivem fora de Portugal" e incluir na Constituição a possibilidade de "reduzir de 230 para 180 o número de deputados na Assembleia da República".
"Não é preciso nova revisão constitucional para reduzir deputados. Basta coragem para cumprir a revisão anterior. Foi a mesma ambição que me levou a negociar o direito de mudar as leis eleitorais, criando, por exemplo, um ciclo nacional para reduzir substancialmente os votos que atualmente são desperdiçados", frisou.
Antes, interveio a presidente da comissão de honra da candidatura, Leonor Beleza, que defendeu que Marques Mendes como Chefe de Estado colocará os interesses do país acima de quaisquer outros, e argumentou que um Presidente da República "não é um árbitro".
"O Presidente da República não é um árbitro, não estamos no futebol aqui. Não tem o Presidente da República como árbitro que enfrenta as diferenças ou as competições entre distintas equipas. O Presidente da República é ele próprio um ator. É um ator de primeira grandeza, nos termos da nossa arquitetura constitucional. Ele não arbitra, ele participa", afirmou.
Também o autarca de Lisboa, Carlos Moedas, discursou para sublinhar que Marques Mendes "foi sempre uma voz cuja opinião poucos prescindiam de ouvir" e argumentar que vê no antigo líder social-democrata a audácia e "a moderação de quem faz pontes" e que considera necessária num Presidente.
[Notícia atualizada às 23h26]
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