Manuel Alegre falava aos jornalistas à entrada para um almoço no parlamento, promovido pelo candidato à liderança do PS José Luís Carneiro, com os fundadores do PS Alberto Arons de Carvalho, José Leitão, José Neves, Nuno Godinho de Matos e Rodolfo Crespo.
"Não sou bruxo. Eu próprio tenho dificuldade em compreender, mas penso que este fenómeno não é isolado, é um fenómeno que se a na Europa", respondeu, quando questionado sobre se já tinha compreendido o motivo do mau resultado do PS nas eleições legislativas de domingo.
Para o presidente honorário do PS, "é uma situação grave" e é preciso "pensar para reformar o partido".
"Para acabar com o nosso isolamento em relação a certos setores sociais da população, reaproximar-nos dos setores mais dinâmicos da população, acabar com o isolamento em relação à juventude e voltarmos a ser o partido dos pobres e dos desprotegidos", defendeu.
Para o histórico socialista, "isto é um trabalho muito grande" que tem pela frente José Luís Carneiro, até agora o único candidato à sucessão de Pedro Nuno Santos, que se demitiu na sequência do desaire eleitoral.
Questionado sobre se José Luís Carneiro era o homem certo para liderar agora o PS, Alegre respondeu: "é o homem que neste momento está na posição de ser eleito o secretário-geral do PS. Portanto é com ele que temos que contar".
Não pode haver uma revisão da Constituição que deixe de fora o PS
Sobre qual deve ser a posição do PS em relação ao Governo da AD, o presidente honorário socialista disse concordar que se deve "fazer o necessário pela estabilidade do país.
"Não podemos ar a vida em eleições. O PS é um partido de grande responsabilidade, pode ser tão importante na oposição como poder e, neste momento, grande parte da estabilidade a pelo PS, não só em relação a isso, mas em relação à defesa da Constituição", apontou.
Para Manuel Alegre, "não pode haver uma revisão da Constituição que deixe de fora o PS".
"Nem pode haver uma revisão da Constituição que seja uma subversão do regime. Essa é uma questão muito importante para dialogar também com o PSD", defendeu.
Aos jornalistas falou igualmente Alberto Arons de Carvalho que, questionado sobre o que levou a este resultado do PS, assumiu que "não é fácil tirar essa conclusão".
"Eu penso que hoje em dia poderemos concluir que foi um erro impedir que o governo continuasse e deitar abaixo o governo com a moção de confiança, mas é fácil fazer prognósticos depois do fim do jogo e, portanto, creio que o melhor será pensar no futuro", respondeu.
Para o fundador do PS, José Luís Carneiro "neste momento é uma boa alternativa para que o PS recupere a sua dimensão de um partido de tendência de ser um partido de governo, com uma capacidade eleitoral que já teve.
"O PS deve compreender os resultados eleitorais, refletir sobre eles e aceitar que neste momento existem condições para estabilidade política e para este Governo se manter", respondeu,
Na opinião de Arons de Carvalho, estes resultados eleitorais "foram uma lição para o país" e para o PS.
"Mas creio que neste momento a esmagadora maioria dos portugueses deseja um Governo estável e com alguma duração. Se o PSD será ou não alternativa, ver-se-á. Creio que não será uma boa alternativa, mas os portugueses o dirão", disse.
À entrada do almoço, José Luís Carneiro elogiou os fundadores do PS.
"Aqueles que deram a vida para que nós pudéssemos viver em liberdade. Lutaram contra uma ditadura, muitos tiveram que sair do país, colocaram a sua vida em risco, fundaram o Partido Socialista na Alemanha e foi o Partido Socialista que nos trouxe às liberdades, aos direitos e às garantias fundamentais dos cidadãos", descreveu.
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