"Face aos intoleráveis disparos do exército israelita durante a visita de diplomatas espanhóis, da União Europeia (UE) e de outros países, convocámos o chefe da embaixada israelita em Madrid e exigimos esclarecimentos e responsabilidades", declarou o chefe da diplomacia espanhola, José Manuel Albares, na rede social X.
As forças israelitas fizeram hoje "disparos de advertência" após um grupo internacional de mais de 20 diplomatas se ter "desviado da rota aprovada" na visita, indicou o exército israelita em comunicado, que "lamentou o incómodo" causado.
Não houve relatos de feridos nem danos no incidente.
O Governo espanhol condenou "firmemente a atuação das Forças Armadas de Israel" e exigiu "uma investigação imediata e transparente", reclamando que Israel, "como potência ocupante [da Cisjordânia], respeite o Direito Internacional, assim com a sua obrigação de proteger os agentes diplomáticos".
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, anunciou hoje que convocou o embaixador israelita em Roma para exigir "uma explicação oficial".
"Pedimos ao Governo israelita uma clarificação imediata do que aconteceu. As ameaças contra diplomatas são inaceitáveis", afirmou no X.
O executivo francês também vai convocar o embaixador israelita em Paris para lhe pedir explicações sobre o incidente, anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean Noël Barrot, numa mensagem na rede social X, na qual qualificou o incidente de "inaceitável".
"Apoio total aos nossos funcionários no terreno e ao seu trabalho excecional em condições difíceis", insistiu o chefe da diplomacia sa.
O tiroteio provocou uma série de reações negativas, incluindo da chefe da diplomacia da UE, que exortou Israel a investigar os disparos do exército israelita.
"Apelamos a Israel para que investigue este incidente e também para que responsabilize os responsáveis", disse Kaja Kallas, acrescentando que qualquer ameaça à vida de diplomatas é "inaceitável".
Através do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), a Alemanha condenou "com toda a veemência estes disparos não provocados".
"Foi apenas uma questão de sorte que nada de pior tenha acontecido", considerou Berlim.
"O papel de observador independente dos diplomatas no terreno é indispensável e não representa de modo algum uma ameaça para os interesses de segurança de Israel", sublinhou a diplomacia alemã, que instou Israel a esclarecer as circunstâncias do incidente e a respeitar a inviolabilidade dos diplomatas.
Da Irlanda, o chefe da diplomacia afirmou-se "chocado e consternado" com a atuação dos soldados israelitas contra a delegação, que incluía dois irlandeses.
"Isto é totalmente inaceitável e condeno-o da forma mais veemente possível", afirmou Simon Harris.
A Turquia também apelou a uma "investigação" imediata e responsabilização pelo incidente, que condenou "nos termos mais fortes", segundo o MNE turco.
Também o Egito condenou "com toda a veemência" o incidente.
"O exército de ocupação israelita disparou munições reais durante a visita", declarou a diplomacia egípcia em comunicado, manifestando a "rejeição absoluta" do Cairo a este acontecimento "que viola todas as normas diplomáticas" e apelando a Israel para que "preste os esclarecimentos necessários sobre as circunstâncias do incidente".
Na mesma linha, o Ministério dos Negócios Estrangeiros jordano considerou que o ataque trata-se de "uma clara violação do Direito Internacional e do Direito Internacional Humanitário", bem como "um crime que contraria todas as normas diplomáticas".
Amã exortou ainda a comunidade internacional, particularmente o Ocidente, a "assumir as suas responsabilidades legais e morais, a obrigar Israel a interromper imediatamente a sua agressão contra Gaza e a sua perigosa escalada na Cisjordânia ocupada" e a defender "os direitos legítimos do povo palestiniano".
O Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, responsabilizou hoje a "arrogância" de Israel pelos disparos das forças israelitas para "intimidar" a delegação diplomática internacional.
"O facto de os soldados israelitas terem disparado diretamente contra 25 embaixadores e diplomatas árabes e europeus durante a sua visita (...) é uma manifestação da arrogância da ocupação israelita e da violação de todas as normas internacionais", declarou o grupo islamita palestiniano em comunicado.
Segundo a agência noticiosa espanhola EFE, que cita a lista fornecida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano, o grupo integrava um total de 27 países europeus, americanos, árabes e asiáticos, além de representantes do Programa Alimentar Mundial (PAM) e da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA).
A agência noticiosa palestiniana WAFA noticiou que o MNE da Autoridade Palestiniana, no poder na Cisjordânia, indicou que os ataques tiveram como objetivo "intimidar" os diplomatas.
A WAFA partilhou imagens dos ataques, nas quais se veem pelo menos dois israelitas fardados a disparar na direção de um grupo de pessoas que estavam a dar entrevistas.
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