Segundo o relatório de monitorização da despesa com medicamentos no âmbito hospitalar, divulgado pelo Infarmed, a integração do valor dos fármacos dispensados ou istrados (vacinas) nos centros de saúde deve-se à reforma das Unidades Locais de Saúde (ULS), que entrou em vigor no ano ado.
Nos hospitais e centros de saúde, o aumento da despesa com medicamentos foi de 16,1% (mais 315,8 milhões de euros) face ao período homólogo, fixando-se em 2.274,8 milhões de euros. Os restantes 1.683,8 milhões são referentes às comparticipações dos medicamentos comprados nas farmácias pelos utentes.
Os dados indicam que hospitais públicos gastaram em medicamentos 2.215,5 milhões de euros (+13,6%) e os cuidados de saúde primários foram responsáveis por uma despesa de 58,8 milhões em fármacos.
O Infarmed salienta, contudo, que após deduzidas a totalidade das contribuições resultantes de devoluções ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) por parte da indústria farmacêutica, quer no âmbito dos contratos de financiamento quer no âmbito do acordo com a indústria, o aumento da despesa com medicamentos em 2024 foi de 9% face a 2023, com um total de 3,5 mil milhões de euros.
Por área terapêutica, a oncologia encabeça a lista das que mais custaram aos hospitais públicos no ano ado, com 747,6 milhões de euros (+ 19,7%), seguida do VIH, com uma despesa de 240,4 milhões (+11,4%).
O principal aumento de despesa nas ULS continua a ser na área da oncologia, com mais 123,1 milhões de euros face ao período homólogo, com destaque para o aumento de despesa com a substância ativa Pembrolizumab (+27,3 milhões), que decorre não só dos custos elevados associados à imuno-oncologia, mas também por estar financiada para várias indicações terapêuticas.
Depois da área da oncologia, as vacinas foram os medicamentos com maior aumento da despesa (+43,9 milhões), seguidas da área do VIH (+24,6 milhões) e a AR/Psoríase/DII (+20,1 milhões).
A área das vacinas destaca-se por refletir a inclusão dos cuidados de saúde primários nas ULS, visto que até 2023 apenas estavam a ser considerados os consumos das oito ULS prévias à atual reforma do SNS.
As vacinas com maior peso são a da gripe e a vacina contra o Meningococo.
Nos cuidados hospitalares, o grupo dos imunomoduladores (para o sistema imunitário) foi o que apresentou um maior aumento da despesa (+115,9 milhões), seguido dos citotóxicos (+36,2 milhões).
Numa nota divulgada hoje, o Infarmed refere que os dados agora conhecidos confirmam uma tendência de crescimento na despesa com medicamentos, "impulsionada pela inovação terapêutica e pelo aumento de recursos a cuidados de saúde", dizendo que "continuará a monitorizar de forma rigorosa a evolução do mercado, promovendo a sustentabilidade no o a medicamentos essenciais para os cidadãos".
Ainda no âmbito hospitalar, por área de prestação, a consulta externa e produtos cedidos ao exterior é a que continua a ter maior peso (42,6%), com uma despesa de 969,9 milhões, seguida do Hospital de Dia (38%), com 863,9 milhões, e do internamento (8%), com 199,9 milhões de euros.
Na despesa com medicamentos no âmbito hospitalar, os cuidados de saúde primários tiveram um peso de 2,6%, com 58,8 milhões de euros, os meios complementares de diagnóstico (exames) pesaram 1,5% (mais de 34 milhões de euros) e em bloco operatório gastaram-se 33,5 milhões de euros.
A unidade de saúde com maior valor de despesa em medicamentos em 2024 foi a ULS de Santa Maria (273,3 milhões de euros), seguida pela ULS de Coimbra (207,8 milhões) e a ULS de São José (201,7 milhões), a ULS de Santo António (157,6 milhões) e a ULS de São João (140,4 milhões). A que menor despesa com medicamentos teve foi a ULS da Póvoa de Varzim/Vila do Conde (dois milhões de euros).
O Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto gastou em medicamentos 107,2 milhões de euros (+16,4%), o de Lisboa 93,3 milhões (+20%) e o de Coimbra 25,2 milhões (+11,3%).
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