No ano ado o Dia da Sobrecarga do Planeta foi a 01 de agosto. Este ano os recursos esgotaram-se uma semana mais cedo, nos cálculos da organização internacional de sustentabilidade, pioneira da pegada ecológica, que os divulgou hoje, Dia Mundial do Ambiente.
Tal significa que dia 24 de julho é a data em que a humanidade terá esgotado todo o orçamento anual de recursos e serviços ecológicos da natureza, nas contas da organização, que tiveram em conta uma revisão de dados.
A "Global Footprint Network" destaca num comunicado divulgado hoje que a humanidade está a utilizar a natureza 80% mais rapidamente do que os ecossistemas da Terra se podem regenerar, o que significa que esta ultraagem é equivalente à utilização de 1,8 Terras.
"Este nível de utilização excessiva só é possível através do esgotamento do capital natural, o que compromete a segurança dos recursos a longo prazo", referem no comunicado.
Para a organização, as consequências são visíveis na desflorestação, erosão dos solos, perda de biodiversidade e acumulação de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, o que contribui para o aumento da frequência de fenómenos meteorológicos extremos e para o declínio da produção alimentar.
É por tudo isto que a "Global Footprint Network" diz que, neste século, a segunda maior ameaça para a humanidade é a ultraagem ecológica, a utilização excessiva e implacável dos recursos do planeta. A maior ameaça é "não reagir".
Todos os anos a "Global Footprint Network" anuncia no Dia Mundial do Ambiente a data do "Earth Overshoot Day" que assinala o momento em que o consumo de recursos ultraa a capacidade de regeneração da natureza e os humanos am a consumir a crédito.
Na página da organização fazem-se os cálculos também país a país, segundo os quais Portugal esgotou os recursos que tinha disponíveis logo a 05 de maio ado.
O Dia da Sobrecarga do Planeta é determinado utilizando a última edição das Contas Nacionais da Pegada Ecológica e da Biocapacidade (edição de 2025).
No comunicado de imprensa explica-se que as agências da ONU e organismos afiliados fornecem os dados mas por vezes fazem atualizações, tendo este ano ajustado em baixa a capacidade de sequestro de carbono dos oceanos.
Esse facto foi um dos que fez com que o Dia da Sobrecarga do Planeta descesse uma semana em relação a 2024. Sete desses oito dias, destaca, devem -se à revisão dos dados.
Numa leitura dos dados a organização diz que o Dia da Sobrecarga do Planeta se tem mantido estável na última década e que continua a ser demasiado cedo no ano.
E mesmo que a data se mantenha inalterada "a pressão sobre o planeta continua a aumentar" à medida que os danos causados pela ultraagem do limite ecológico se acumulam ao longo do tempo.
Ao longo dos anos, segundo o documento, acumulou-se uma dívida ecológica que vai agora em 22 anos. Se a ultraagem ecológica terminasse agora, se os recursos chegassem para todo o ano, seriam precisos 22 anos de capacidade regenerativa total do planeta para restaurar o equilíbrio perdido.
"No entanto é pouco provável que toda a dívida ecológica seja reversível", avisam os autores do documento.
Segundo Mathis Wackernagel, da direção da Global Footprint Network, a ultraagem não pode durar e ou acaba porque a população assim o decide ou acaba com uma catástrofe.
O indicador da pegada ecológica começou a ser feito em 1971, quando os recursos davam para praticamente o ano inteiro. A partir de 1984 os recursos já só chegavam a novembro e em 1993 apenas até outubro.
Desde esse ano a humanidade consumiu cada vez mais recursos, com apenas uma ligeira quebra de consumo em 2020, explicada pela pandemia.
Leia Também: Espetáculo em planetário resulta em descoberta acidental