"Apelamos à ONU e à comunidade internacional para que tomem medidas urgentes que vão além da condenação formal e incluam medidas práticas e dissuasivas para enfrentar as tentativas de liquidar a causa palestina e pôr fim às políticas de anexação e expansão dos assentamentos, que constituem um crime de guerra e uma limpeza étnica contínua", afirmou o Hamas num comunicado.
Além disso, classificou esta decisão como um "desafio flagrante à vontade internacional e uma grave violação do direito internacional e das resoluções da ONU".
Exortou os palestinianos a "intensificar o confronto em todos os domínios" e a enfrentar os colonos "com todos os meios legítimos" para defender a sua terra.
A organização não-governamental israelita de direitos humanos Peace Now afirmou que esta é a aprovação de criação de colonatos mais abrangente desde os Acordos de Oslo, assinados em 1993.
Israel anunciou hoje o estabelecimento de 22 colonatos judeus na Cisjordânia ocupada, incluindo a criação de novas comunidades e a legalização de outras já construídas sem autorização do Governo.
Num comunicado, o ministro da Defesa israelita, Israel Katz, disse que a aprovação dos 22 novos colonatos na Cisjordânia ocupada é "uma medida estratégica que impede a criação de um Estado palestiniano que colocaria Israel em perigo".
Entre os 22 aprovados estão o restabelecimento de dois antigos assentamentos, que foram desmaterializados em 2005, quatro novos ao longo da fronteira com a Jordânia e outros espalhados por toda a Cisjordânia.
Israel já construiu em território ocupado mais de 100 colonatos, que abrigam cerca de 500 mil colonos, tendo todos nacionalidade israelita. Os colonatos variam de pequenos postos no topo de colinas a comunidades totalmente desenvolvidas com blocos de apartamentos, centros comerciais, fábricas e parques públicos.
A Cisjordânia é o lar de três milhões de palestinianos, que vivem sob o domínio militar israelita, com a Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), apoiada pelo Ocidente, a istrar os centros populacionais.
Israel acelerou a construção de colonatos nos últimos anos, mesmo antes do ataque do movimento islamita palestiniano Hamas, a 07 de outubro de 2023, ter desencadeado a guerra na Faixa de Gaza.
Os palestinianos consideram a expansão dos colonatos como um dos principais obstáculos à resolução do conflito, e a maior parte da comunidade internacional considera estes postos ilegais.
A comunidade internacional considera ilegal qualquer colonato em território militarmente ocupado, como é o caso da Cisjordânia desde 1967, mas Israel legaliza essas colónias como política de Estado, e até mesmo o movimento colonizador se instala em contentores ou estruturas precárias por vontade própria, muitas vezes protegido pelas forças de segurança e com garantia de serviços de eletricidade e água.
Em julho de 2024, o Tribunal Internacional de Justiça da ONU advertiu Israel de que tinha a obrigação de reparar os danos causados na Cisjordânia, devolver as terras ocupadas desde 1967, retirar todos os seus colonos e desmantelar o muro de separação que se encontra em território palestiniano ocupado, bem como permitir que os palestinianos regressem aos locais de residência originais.
O conflito atual que opõe Hamas e Israel foi desencadeado pelos ataques do Hamas no sul de Israel, que provocaram cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e mais de duas centenas e meia de reféns.
Israel lançou em retaliação uma operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 54 mil mortos, segundo as autoridades locais, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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