"As manifestações podem trazer conflitos à sociedade, à segurança de Estado", defendeu o secretário para a Segurança, numa conferência de imprensa de balanço da criminalidade no primeiro trimestre do ano.
"Isto tem a ver com o bem-estar do nosso país. Não podemos, devido ao interesse de uma pessoa, prejudicar o nosso povo", disse Wong Sio Chak aos jornalistas.
Durante a pandemia, as forças de segurança recusaram-se a aprovar o percurso de qualquer protesto, invocando razões de "ordem e segurança" ou de saúde pública.
As autoridades levantaram as restrições antipandémicas no final de 2023, mas os protestos não voltaram às ruas da cidade.
Estas proibições chegaram ao Comité dos Direitos Humanos da ONU que, em 2022, avaliou "um crescente número de informações de restrições indevidas ao exercício da liberdade de manifestações pacíficas".
Wong Sio Chak reiterou o respeito do Governo da região semiautónoma chinesa pelo direito à manifestação, mas sublinhou que "não pode causar impacto à sociedade".
O grupo Poder Popular de Macau cancelou uma manifestação planeada para 01 de maio devido à "pressão da polícia", que alegou que o protesto poderia violar a lei de Segurança Nacional, avançou o All About Macau.
De acordo com o jornal 'online', a Polícia de Segurança Pública (PSP) confirmou ter recebido uma notificação de manifestação para o Dia do Trabalhador, mas afirmou que o organizador a retirou voluntariamente.
"A polícia não lhe causou pressão", garantiu Wong Sio Chak.
"Temos uma negociação quanto à ordem pública, tal como anteriormente, porque uma manifestação tem de ocupar espaço público e pode também ter muitas pessoas a participar", referiu o secretário.
A associação Poder Popular de Macau afirmou que esperava 20 mil participantes no protesto de 01 de maio, que iria exigir a redução do número de trabalhadores migrantes.
Wong Sio Chak deu como exemplo uma alegada decisão da polícia em Espanha, que terá sido confirmada pela justiça, de proibir uma manifestação "envolvendo dois grupos religiosos que podia levar a um conflito e desordem".
Questionado sobre se a polícia de Macau tinha razões para temer que o protesto do Dia do Trabalhador poderia levar a confrontos físicos, o secretário não respondeu diretamente.
No entanto, Wong sublinhou que "todos os polícias têm medo de conflito, de agressão".
Em 01 de maio, a polícia de Macau deteve um homem que protestava contra a presença de trabalhadores migrantes na região, invocando a violação da lei do Direito de Reunião e Manifestação, no primeiro protesto realizado no Dia do Trabalhador em seis anos.
Leia Também: Após detenções, Macau diz que jornalistas "não são exceção" à lei