Sheikhmous Ahmed, funcionário da autoridade liderada pelos curdos que controla o nordeste do país, adiantou que foi alcançado um acordo sobre um "mecanismo conjunto" para o regresso das famílias do campo de al-Hol após uma reunião entre autoridades locais, representantes do governo central em Damasco e uma delegação da coligação internacional liderada pelos EUA que luta contra o grupo militante EI.
Ahmed negou as notícias de que a istração do campo será transferida para Damasco num futuro próximo, dizendo que "não houve qualquer discussão a este respeito com a delegação visitante ou com o governo de Damasco", noticiou na segunda-feira a agência Associated Press (AP).
Há anos que grupos de defesa dos direitos humanos têm vindo a citar péssimas condições de vida e a violência generalizada no campo, que alberga cerca de 37 mil pessoas, a maioria esposas e filhos de combatentes do EI, bem como apoiantes do grupo militante.
Incluem também iraquianos e cidadãos de países ocidentais que viajaram para se juntarem ao movimento terrorista.
Os militares norte-americanos têm vindo a pressionar há anos os países que têm cidadãos em al-Hol e no mais pequeno e separado Campo Roj, para os repatriar.
O Iraque recebeu um número cada vez maior de cidadãos nos últimos anos, mas muitos outros países continuam relutantes.
Quanto aos sírios alojados no campo, existe um mecanismo em vigor há vários anos para devolver aqueles que desejam regressar às suas comunidades nas zonas controladas pelos curdos, onde foram abertos centros para os reintegrar.
Até agora, porém, não houve um acordo com o governo de Damasco para os devolver às áreas sob o controlo do governo central.
O novo acordo surge numa altura em que há tentativas de aumentar a cooperação entre as autoridades curdas e os novos líderes em Damasco, depois de o ex-Presidente Bashar Assad ter sido deposto numa ofensiva rebelde em dezembro.
Segundo um acordo assinado em março entre o presidente interino da Síria, Ahmad al-Sharaa, e Mazloum Abdi, comandante das Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos EUA e lideradas pelos curdos, as FDS serão incorporadas nas novas Forças Armadas do governo.
Todas as agens fronteiriças com o Iraque e a Turquia, bem como os aeroportos e campos petrolíferos no nordeste, ficarão sob o controlo do governo central.
As prisões onde estão detidos cerca de 9.000 alegados membros do EI também deverão ficar sob controlo do governo central.
O acordo marcou um o importante para unificar as fações díspares que dividiram a Síria em mini-estados de facto durante a guerra civil que começou em 2011 após a repressão brutal do governo de Assad aos enormes protestos antigovernamentais.
A implementação, no entanto, tem sido lenta e Washington tem pressionado para a sua promulgação, em particular para que Damasco assuma a istração das prisões no nordeste da Síria.
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