As autoridades islamitas am a 10 de março um acordo com os curdos para integrar no Estado sírio as instituições da istração curda, que controla vastas parcelas de território no norte e no nordeste do país.
Uma delegação representando os partidos curdos deslocar-se-á "em breve" a Damasco para reuniões com as novas autoridades sobre a aplicação deste acordo, segundo Badran Ciya Kurd, responsável da istração autónoma.
A delegação curda vai insistir numa "Síria descentralizada, pluralista e democrática", indicou Kurd.
"Esta posição será um dos principais temas de discussão e não é negociável", sublinhou.
Segundo o líder curdo, "o mosaico da sociedade síria não pode ser gerido por um sistema político que monopoliza todos os poderes e não reconhece a especificidade das regiões e dos que as compõem".
Os curdos rejeitaram a declaração constitucional adotada por Damasco a 13 de março, que confere plenos poderes ao Presidente interino, Ahmad al-Sharaa, e consideram que o novo Governo não reflete a diversidade da Síria.
"O desejo de centralizar tudo (...) sem aceitar uma verdadeira parceria e uma partilha de papéis e prerrogativas entre o centro e as regiões, está a tornar as negociações difíceis e muito lentas", disse o responsável curdo.
A 12 de maio, o ministro dos Negócios Estrangeiros sírio, Asaad al-Shibani, advertiu que "a unidade do território sírio era inegociável".
Acrescentou que qualquer "tergiversação" na execução do acordo com os curdos correria o risco de "prolongar o caos" no país, ao fim de 14 anos de guerra civil.
O acordo de 10 de março prevê a integração das instituições civis e militares das zonas curdas na istração do Estado sírio, incluindo os postos fronteiriços, o aeroporto e os campos de petróleo e gás.
A istração autónoma curda, da qual as poderosas Forças Democráticas Sírias (FDS) são o braço armado, controla grandes áreas do território, incluindo os principais campos petrolíferos e gasíferos do país.
Apoiadas por Washington, as FDS desempenharam um papel fundamental no combate ao grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI), derrotado em 2019.
Num comunicado divulgado após uma reunião entre o Presidente interino sírio e o enviado especial dos Estados Unidos para a Síria, Thomas Barrack, as duas partes sublinharam "a necessidade de aplicar um acordo global com as FDS que garanta o regresso da soberania do Governo sírio a todo o território".
Washington, que virou a página das sanções à Síria e abriu um novo capítulo nas relações com Damasco, está a desempenhar o papel de facilitador nas negociações em curso, de acordo com Badran Ciya Kurd.
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