A ativista ugandesa, Agather Atuhaire, com quem foi raptado, já tinha denunciado à agência de notícias -Presse (AFP) abusos semelhantes.
Ambos foram detidos a 19 de maio na capital económica Dar es Salaam, onde se tinham deslocado para apoiar o líder da oposição tanzaniana, Tundu Lissu, que estava a ser julgado por traição punível com a morte.
"O que nos fizeram deixou-me destroçado", testemunhou Mwangi, que chegou a uma conferência de imprensa em Nairobi com Atuhaire, apoiado em muletas e com os pés em talas.
"Estava a gritar tão alto que não conseguia respirar. Nem sequer tinha lágrimas, porque era muito doloroso", acrescentou o ativista, contando os repetidos golpes nas solas dos pés e a introdução de dedos e objetos no ânus.
Enquanto isto acontecia, "disseram-me: Diz 'asante [obrigado em suaíli] Samia'", referindo-se à presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, disse Mwangi.
"Eles prendem-nos, torturam-nos sexualmente e dizem-nos que, se falarmos, vão contar à nossa família", continuou.
A oposição tanzaniana e as organizações não-governamentais de defesa dos direitos humanos denunciam a repressão política por parte da Presidente, Samia Suluhu Hassan, a quem acusam de recair nas práticas autoritárias do antecessor, John Magufuli (2015-2021).
No dia em que os dois ativistas dos direitos humanos foram detidos, a Presidente da Tanzânia pediu às forças de segurança que recusassem o o ao país a "ativistas" estrangeiros que tentassem "interferir" nos assuntos do país.
As eleições presidenciais e legislativas estão previstas para outubro neste país da África Oriental com mais de 65 milhões de habitantes, que é governado pelo mesmo partido desde a independência, em 1961.
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