O último balanço das autoridades locais dava conta de quatro mortos e cerca de 40 feridos, no "atentado suicida contra um autocarro de uma escola reservada aos filhos de soldados", declarou Yasir Iqbal Dashti, responsável da istração local, referindo os primeiros elementos da investigação.
Também "o condutor do autocarro e outro empregado da empresa de transportes" morreram no atentado, declarou Safraz Bugti, chefe do governo provincial do Baluchistão, numa conferência de imprensa.
Tal como o exército paquistanês, Bugti ameaçou com represálias contra "os filiados da Índia no Baluchistão", que as autoridades consideraram estar por trás do ataque, apesar de este ainda não ter sido reivindicado.
Numa reação de Nova Deli, o porta-voz da diplomacia indiana, Shri Randhir Jaiswal, rejeitou as "alegações infundadas de envolvimento indiano" e "apresentando condolências às vítimas".
"O Paquistão desenvolveu o hábito de culpar [a Índia] por todos os problemas internos para desviar a atenção da reputação de centro mundial do terrorismo e para esconder as próprias falhas flagrantes", acusou.
A 10 de maio, o Paquistão e a Índia acordaram um cessar-fogo que pôs fim às trocas de tiros de mísseis, aos enxames de drones lançados contra o país vizinho e aos disparos de artilharia e barragens transfronteiriças.
Esta última escalada entre os rivais históricos teve início após um ataque mortal na Caxemira istrada pela Índia, que Nova Deli afirmou ter sido perpetrado por extremistas apoiados por Islamabad.
O Paquistão negou formalmente este facto e, em contrapartida, acusou o grande rival de apoiar, armar e financiar, entre outros, os rebeldes oriundos do Baluchistão.
Nas últimas semanas, o Paquistão tem atribuído numerosos atentados no oeste do país a assaltantes que agem por conta de "mestres estrangeiros" ou "auxiliares indianos", incluindo um sequestro num comboio no Baluchistão, em março.
O Exército de Libertação do Baluchistão (ELB) e o ramo regional do grupo extremista Estado Islâmico (EI-K) reivindicam regularmente a autoria de atentados na província.
O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, manifestou tristeza pelo "ataque a crianças inocentes e aos professores", assegurando que "os responsáveis serão encontrados e severamente punidos".
"Os terroristas que operam sob o patrocínio da Índia e que atacam crianças inocentes num autocarro escolar são uma demonstração clara de hostilidade", acrescentou o gabinete.
Nos últimos dias, foram mortos quatro civis e quatro paramilitares no Baluchistão.
A violência aumentou no oeste do Paquistão, que faz fronteira com o Afeganistão, desde que os talibãs regressaram ao poder em Cabul, no verão de 2021.
Islamabad acusa o vizinho de não ter conseguido desalojar os rebeldes que utilizam o território para atacar o Paquistão, uma acusação negada por Cabul.
O ano ado foi o mais mortífero em quase uma década no Paquistão, com mais de 1.600 mortos, quase metade dos quais soldados e polícias, segundo o Centro de Investigação e Estudos de Segurança de Islamabad.
No total, desde 1 de janeiro, de acordo com uma contagem da agência de notícias -Presse, mais de 260 pessoas, na maioria membros das forças de segurança, foram mortas em atos de violência perpetrados por grupos armados que lutam contra o Estado, tanto no Baluchistão como na província vizinha de Khyber-Pakhtunkhwa.
Em 2014, esta última província ficou de luto quando os talibãs paquistaneses atacaram uma escola militar em Peshawar, matando mais de 150 pessoas, na maioria crianças.
Veja as imagens da polícia no local e de protestos após o ataque na galeria acima.