"Queremos eliminar a palavra 'manutenção' no dicionário Estoril"

Pedro Amaral regressou, este ano, a Portugal, para representar o Estoril, depois de duas temporadas no estrangeiro, que lhe tiraram o sorriso de jogar futebol. Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o lateral-esquerdo luso de 27 anos salienta o papel do técnico Ian Cathro na mudança de mentalidade no seio da equipa da Linha de Cascais.

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© Reprodução/ESTORIL

Luis Júnior
28/05/2025 07:25 ‧ ontem por Luis Júnior

Desporto

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Pedro Amaral regressou, no verão ado, a Portugal, a convite do Estoril, sendo este o sucessor do capitão Joãozinho, que rumou ao Oriental, da AF Lisboa (garantiu o o ao Campeonato de Portugal, em 2025/26). Aos 27 anos, o jogador formado no Benfica optou, nesta fase, pelo conforto do lar em detrimento de continuar no estrangeiro.

 

Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, Pedro Amaral demonstra gratidão pelo facto de o Estoril estender-lhe a mão, numa fase difícil da carreira, e ite que ficou bastante agradado com os métodos de trabalho do técnico Ian Cathtro, que pretende construir uma identidade muito própria no Estoril.

O internacional pelas camadas jovens de Portugal comenta o estado atual do futebol nacional e defende Bruno Lage - alguém que guarda as melhores recordações quando trabalharam juntos, na equipa B do Benfica - das críticas.

Fiquei surpreendido com Ian Cathro

Depois de uma época desgastante ao serviço do Estoril, já iniciou as férias?

Sim, estou tranquilo a relaxar até dia 1 de julho.

Depois de duas temporadas no estrangeiro, porque regressou a Portugal?

Quando estive fora, aprendi a dar conta de alguns momentos da nossa vida e da nossa carreira. A nível pessoal, precisava de sentir outra vez a alegria de jogar futebol e a felicidade em campo. Sinceramente, apareceram outras propostas para continuar fora do país, que não era algo que eu queria. Apareceu o Estoril, que conseguiu reunir todas as condições. O clube é da zona de Lisboa, é bastante querido pelas pessoas e senti essa necessidade de conforto para ser o Pedro que sou. Sem dúvida, o Estoril foi uma das melhores decisões da minha vida, o clube abriu-me as portas e estou bastante feliz.

O Estoril terminou a época no 8.º lugar da I Liga. É algo que o satisfaz?

Podemos dizer que sim. Tivemos um início de campeonato complicado, mas sempre acreditei no processo e na forma como estávamos a trabalhar todos os dias. ito que as coisas demoraram um pouco a entrar nos eixos, com treinador novo e bastantes jogadores novos, incluindo eu. Acredito que podíamos ter terminado mais acima na classificação, se não fosse aquele início terrível, que não foge o que tem sido o clube, nos últimos anos, por mais qualidade que houvesse no plantel. Terminámos da melhor maneira e penso que foi uma grande época do clube.

O Estoril tinha apenas três vitórias na I Liga até ao início de janeiro. O plantel alguma vez duvidou do trabalho do técnico Ian Cathro?

Foi um processo po que tínhamos de ar. A paragem para as seleções, em novembro, foi o momento-chave. Refletimos em conjunto e reunimos algumas ideias novas. A partir de então, voltámos com uma mentalidade vencedora, que tínhamos qualidade.

No futebol nacional, não é normal um técnico resistir tanto tempo a uma crise de maus resultados...

Deve-se, sobretudo, à mentalidade, que ele está a incutir nos jogadores e no clube. Queremos eliminar a palavra 'manutenção' no dicionário Estoril e queremos elevar o nível. O mister é escocês, tem uma mentalidade britânica e tenta transmitir-nos a sua experiência, que adquiriu como técnico-adjunto em grandes clubes europeus. Antes de vir para o Estoril, fiquei surpreendido com ele, por falar perfeitamente português, o que é bom para ar a mensagem. No decorrer da temporada, senti que é uma pessoa inteligente, com um discurso assertivo, e ele faz-nos acreditar que conseguimos ganhar a qualquer adversário, o que é, muitas vezes, mais importante do que tática.

O Pedro chegou para reforçar o lado esquerdo da defesa, que era ocupado por uma figura histórica como o Joãozinho [atualmente no Oriental]. Isso pesou?

Todos têm a sua história. Claro que respeito o Joãozinho, um lateral de grande qualidade. No entanto, também quero deixar a minha marca aqui, não só como jogador, mas também como ser humano, que é importante. Quero ser recordado por essas duas coisas.

Num plantel com várias caras novas, quem o surpreendeu?

Temos um grupo muito completo, não gosto de individualizar. Uma equipa é composta por 24/25 jogadores. É certo que o João Carvalho tem a sua magia,  o Jordan a sua qualidade de e, o Pedro Álvaro a sua liderança... Mas para responder à pergunta, eu sou defesa e gosto de realçar os da minha posição. Destaco o Felix Bacher, que não foi convocado, por opção, nas primeiras dez jornadas, e acabou a época como titular. Isso demonstra a sua capacidade de trabalho, e é um jogador a seguir, no futuro.

Ajudou-o a ultraar essa fase negativa?

Sim, eu gosto de falar no balneário. Nós podemos não estar a ter um papel direto na equipa e no onze, mas o futebol é o momento. Podes entrar cinco minutos e fazer a diferença, e, a partir daí, a tua história ser outra. Todos os jogadores são importantes, ainda mais aqueles que não jogam, e eu já ei por essa situação

Fazendo um balanço da época, qual foi o pior e o melhor momento?

O pior foi a derrota com o Farense [8.ª jornada]. Perdemos no último lance do jogo e percebemos que tínhamos de trabalhar muito mais para que as coisas corressem bem. Foi um momento de pés bem assentes no chão e saber onde estávamos, enquanto grupo. O mais feliz, direi a sequência de sete jogos consecutivos sem perder no campeonato, algo histórico no clube e que será difícil de alcançar, mas esse é o atual nível de exigência no clube, e aceitamos esse desafio.

Em 2025/26, quais são os objetivos no Estoril?

O 8.º lugar é bom, mas queremos mais. Os objetivos vão ser grandes e vamos trabalhar arduamente para atingi-los.

Só tenho a dizer bem de Bruno Lage. ei um dos momentos mais felizes da minha carreira ao seu lado

Sporting e Benfica estiveram na luta pelo título até ao fim. Que análise faz a estas duas equipas?

Apanhámos dois Sporting diferentes. O da 1.ª volta, com Ruben Amorim, e agora, com Rui Borges. No entanto, continuam a ser uma equipa com bastantes rotinas, que tinha soluções para qualquer problema que aparecesse no jogo, era completa. O Benfica tem os jogadores que dispensa apresentações e são muito intensos, com forte reação à perda. Não conseguimos somar pontos contra eles, que era algo que queríamos.

O FC Porto não se apresentou no nível habitual, mas revelou um jogador como o Rodrigo Mora...

Sim, ele marcou-nos [golo da vitória, por 2-1]. É um jogador irreverente, de talento puro, que faz falta ao futebol. Atualmente, ligamos aos dados físicos, mas também faz falta este tipo de jogadores, que fazem coisas diferenciadas. Portugal está bem servido.

O grupo comentou o lance no balneário?

Obviamente, é mais mérito de quem ataca do que demérito de quem defende.

Quem foi o jogador mais difícil que defrontou esta temporada?

Não o apanhei diretamente, mas o João Moutinho, até pela idade (39 anos). Nesta fase final de carreira, surpreendeu-me a sua capacidade física em todo o jogo e manter o ritmo alto. Notava-se o seu perfume e a sua qualidade é inegável.

Foi formado no Benfica e chegou a partilhar balneário com João Félix. Surpreende-o que ele ainda não tenha chegado a patamar que todos vaticinavam?

O João é um talento igual ao Rodrigo Mora, com enorme qualidade técnica. Daquilo que experienciei, sempre foi um rapaz profissional, super aberto com os companheiros e nada a apontar. Cada um segue o seu caminho, e talvez os contextos não tenham sido os mais favoráveis para ele.

Trabalhou com Bruno Lage, no Benfica B. Como vê as criticas ao trabalho dele no momento atual das águias?

A crítica faz parte do futebol, estamos sujeitos que ela seja positiva ou negativa, todos têm a legitimidade de opinar. Eu só tenho dizer bem dele. ei um dos momentos mais felizes da minha carreira ao seu lado. Ajudou-me enquanto jogador, apontando algumas características que faltava no meu jogo e eu acho que ele é muito forte na liderança e na maneira como gere o grupo. Só pode ganhar um, e há que aceitar.

As pessoas dizem que o futebol português está nivelado por baixo, mas não concordo

O Pedro manifestou que ou por momentos complicados. A saúde mental esteve em risco?

A parte mais difícil no futebol, para mim, são as coisas que não controlamos, saber que trabalhas de uma forma certa e que fazes as coisas bem e, no fim, a decisão não ar por ti. Cabe-nos reerguer e seguir em frente.

Neste seu regresso, como encara o atual estado do futebol nacional?

Quando fiz a estreia pelo Rio Ave [2019/20], pensei que a I Liga era mais difícil, mas era porque era mais jovem. Atualmente, já sou mais experiente e consigo antecipar os cenários de ataque do adversário. As pessoas dizem que o futebol português está nivelado por baixo, mas não concordo. As equipas evoluíram, estuda-se muito bem as equipas ditas 'grandes'. Está tudo muito competitivo. Vejam a classificação. O Famalicão terminou um ponto à nossa frente e o Casa Pia um ponto atrás de nós. O título, a Europa e a despromoção foram apenas decididos no último dia. A I Liga é uma boa montra, tanto para jovens, como para jogadores que procuram dar outro o na carreira.

Em Portugal, o que o marcou?

Pelo Rio Ave, a eliminatória com o AC Milan está na memória. Foram mais de 15 penáltis com o gigante Donnarumma na baliza e caímos no playoff. Nesse caminho, eliminámos o Besiktas, em Istambul, e a história esteve muito perto de acontecer. Foi uma época de muitas emoções, porque terminámos 2021/22 na II Liga. No ano seguinte, conseguimos subir à I Liga e fiquei muito feliz.

Nesse plantel da subida do Rio Ave, estava o Vítor Gomes, que entretanto já se despediu dos relvados...

Uma das pessoas, que vou levar para o resto da minha vida. Um enorme jogador, capitão e uma pessoa com quem aprendi muito. No futebol, faz falta o lado humano, e o Vítor é um homem de família, alguém com que me identifico bastante, e desejo-lhe as maiores felicidades.

Vai entrar no último ano de contrato com o Estoril. Já começa a pensar no futuro?

Não me compete tratar desses processos, estou feliz por estar aqui e quero ser, acima de tudo, competente e profissional. As coisas correndo bem, acredito que as pessoas de quem direito vão falar, naturalmente, comigo.

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