Em entrevista à Lusa, Pedro de Brito Bogas reconheceu "haver algumas limitações legais à possibilidade de fazer triagem de ageiros" na fila para o autocarro ou para o elétrico, mas assumiu que está a ser estudada essa opção.
"Se uma pessoa tem um título válido, é complicado estar a dizer 'o senhor não entra, o senhor entra'", referiu, explicando que a Carris está a preparar um pedido para apresentar junto do regulador, a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, "para esclarecer algumas questões legais que possam dar alguma luz".
Para o responsável da transportadora lisboeta, está "fora de questão" operar um sistema que até pode funcionar mas não é legal e, mesmo que se venham a tomar medidas de triagem, o mais importante é a questão dos próprios veículos.
"Onde temos maior pressão é no 28 [elétrico]. E o 28 retomou agora no dia 19 de maio. [...] Desde junho que tínhamos o serviço interrompido porque há obras, que são muito importantes para a cidade e tiveram que ser feitas, mas que nos levaram a perder mais de um milhão e tal de ageiros", revelou.
Pedro Bogas explicou que os números demonstram a "enorme procura que tem o 28", que liga o Martim Moniz e Campo de Ourique (Prazeres) e constitui um "produto reconhecido internacionalmente", partilhando entre o Martim Moniz e a Graça um percurso idêntico ao autocarro 12.
"Se chegar à placa do Martim Moniz vê que não há ninguém praticamente à espera do 12 e há uma fila para o 28. Porque é o produto, é a marca que vale. O que é que nós estamos a pensar fazer? O elétrico é mais para o turista e este não quer, evidentemente, fazer o percurso do 28 num autocarro. Quer fazer no elétrico, que é um elétrico histórico e que é, inclusive, uma imagem da cidade de Lisboa", contou.
Já para o cliente habitual e regular, prosseguiu Pedro Bogas, "isso não é importante, o que ele quer é uma solução de mobilidade que funcione". Porém, "o elétrico é menos funcional do que o autocarro, está mais sujeito aos estacionamentos indevidos, a viagem não é tão confortável, ainda para mais cheio".
Pedro Bogas acrescentou que os autocarros novos, os minis, são "muito apropriados para o percurso do 28 e foram já alguns adquiridos, exatamente, para reforçar esse percurso".
Foi lançado um concurso para aquisição de mais três miniautocarros para reforçar todo o serviço do elétrico 28 e também as carreiras de bairro, "mais no centro da cidade, onde os autocarros têm mais dificuldade de manobra".
"Eu julgo que isso é mais importante do que diferenciar, porque os turistas não vão procurar o autocarro, os nossos clientes vão procurar o autocarro - têm uma viagem que, do ponto de vista da mobilidade, é mais cómoda e é melhor", salientou.
As filas diferenciadas para turistas e para residentes já estão a funcionar no elevador de Santa Justa, na Baixa de Lisboa, mas no ascensor é "muito mais fácil fazer essa distinção", até porque "é meramente residual" o número de pessoas com e que ali circulam -- é "quase tudo também turistas".
A Câmara de Lisboa está a ultimar a agem da gestão do funicular da Graça da empresa municipal EMEL para a Carris, itindo Pedro Bogas que no local possa ter de ser feita a distinção, já que "alguns residentes da Graça necessitarão do funicular".
"Aí eu julgo, não tenho a certeza, que vamos fazê-lo, que é pacífico. Temos as questões legais que estamos a apurar, mas isso tudo se resolverá com certeza", afirmou.
Segundo dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística (INE), a região de Lisboa registou em 2024 um total de 21.014.900 dormidas, um crescimento de 4% em relação a 2023. Este valor representa 26,2% da procura turística nacional, segundo a Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa.
O organismo regional destacou que Lisboa se consolidou no ano ado "como o principal destino turístico de Portugal, naquele que é o seu melhor ano turístico de sempre", com "receitas de 2,1 mil milhões de euros no setor do alojamento turístico.
A Carris está sob gestão da Câmara Municipal de Lisboa desde 2017 e opera na cidade de Lisboa.
De acordo com dados da Carris, em 2024, faziam parte do universo da empresa 777 autocarros, 64 elétricos, três ascensores e um elevador, e 1.823 tripulantes -- motoristas e guarda-freio, num total de 2.505 trabalhadores da empresa.
Leia Também: Nova versão da aplicação CARRISway lançada hoje. "É upgrade fundamental"