Em declarações à agência Lusa, a presidente da associação explicou que a situação se arrasta já há alguns meses e piorou recentemente, levando a que encerrassem na quinta-feira as instalações no Martim Moniz, em Lisboa.
Segundo Marcelina Souschek, há "um conjunto de [pessoas] toxicodependentes que acampam ali [à porta da sede da associação], que estão ali, que se vestem ali, que se drogam com as mais variadas substâncias".
A responsável disse que se trata de uma "situação muito degradante e incomportável", uma vez que os jovens que frequentam as atividades na associação chegam muitas vezes sozinhos e "não conseguem entrar na porta" do prédio.
"Tivemos um miúdo que foi agredido, tivemos uma miúda a quem foi roubado o telemóvel, porque [os toxicodependentes] estão acampados à porta", contou, lembrando uma situação em que "ofereceram cocaína a uma miúda".
Relatou também casos de "miúdos que, quando chegam, têm que ligar porque não conseguem entrar na porta, não conseguem aceder ao código da porta".
"Isto são tudo coisas que são perigosíssimas e é um ambiente muito degradante", caracterizou.
De acordo com Marcelina Souschek, a situação "já se arrasta há alguns meses", primeiro com pessoas em situação de sem-abrigo que pernoitavam nas arcadas do prédio, agora com pessoas toxicodependentes.
A presidente da Pais21 disse que a associação já reportou o caso à PSP por várias vezes, a última das quais na quarta-feira, quando "partiram o vidro da porta" da entrada do prédio, mas itiu que a PSP "também está de mãos atadas".
"Nós temos aqui questões sociais que têm de ser resolvidas. Mas, com todo o respeito para todas as dificuldades de todas as pessoas, aquele problema que ali está não pode ser resolvido ali naquele lugar, porque estamos a limitar a liberdade de um outro grupo muito vulnerável que também tem o direito de andar na rua e entrar e sair tal como quer", defendeu Marcelina Souschek.
Apontou que os jovens que frequentam a Pais21 são ensinados para a autonomia e que "andam mesmo sozinhos", sobretudo nos transportes públicos como o comboio ou metro, o que faz da zona do Martim Moniz "um sítio ideal" pela centralidade.
A responsável adiantou que a Câmara Municipal de Lisboa está ao corrente do que se a, uma vez que as instalações da associação são da autarquia, e que já propam "algumas soluções" que a Pais21 vai avaliar.
Entretanto, as várias atividades e aulas que a associação disponibiliza aos mais de 60 jovens, com idades entre os 12 e os 40 anos, que frequentam a associação vão funcionar em modo online enquanto não é encontrada uma solução definitiva.
Em comunicado, a Câmara Municipal de Lisboa diz estar a acompanhar "com bastante preocupação" os relatos feitos pela Pais21 e a alertar e sensibilizar a PSP para o problema, uma vez que é a autoridade policial com competência na matéria.
A autarquia sustenta que irá "continuar a tudo fazer para que seja garantida a segurança a todos os que trabalham e frequentam as instalações desta associação" e adianta que está agendada para a próxima semana uma reunião com os vereadores com os pelouros da Segurança e dos Direitos Sociais "para debater o problema e procurar soluções".
[Notícia atualizada às 17h22]
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