Alemã Annalena Baerbock eleita presidente da Assembleia-Geral da ONU

A ex-ministra dos Negócios Estrangeiros (MNE) da Alemanha Annalena Baerbock foi hoje eleita como presidente da 80.ª sessão da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que terá início em setembro próximo.

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Lusa
02/06/2025 16:08 ‧ há 2 dias por Lusa

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Baerbock, que conseguiu 167 dos 88 votos necessários para garantir a vaga, será a quinta mulher a assumir o cargo, que é renovado anualmente, em comparação com os 75 homens que o ocuparam ao longo dos 80 anos de história das Nações Unidas.

 

"Hoje, vivemos tempos desafiantes. Caminhamos sobre uma maré de incertezas. (...) Mas cabe-nos a nós enfrentar esses desafios. Podemos vir de diferentes regiões, de diferentes origens. Podemos ver o mundo de forma diferente. E até podemos discordar, por vezes. Mas quando nos reunimos, na ONU, estamos todos unidos por esta visão comum e pelos princípios fundadores das Nações Unidas" afirmou Baerbock após ser eleita.

"A Carta da ONU é e continuará a ser o fundamento irrevogável do nosso trabalho", frisou.

A política alemã de 44 anos substituirá no cargo o camaronês Philémon Yang.

O antigo primeiro-ministro dos Camarões considerou "apropriado" que, neste marco dos 80 anos desde a criação da ONU, a liderança da Assembleia-Geral "recaia sobre alguém cuja carreira foi definida por um compromisso inabalável com o multilateralismo".

A eleição de hoje seguiu a rotação regional estabelecida, que para este ano determinou a escolha de um candidato do "Grupo da Europa Ocidental e Outros Estados", para a qual a Alemanha garantiu o lugar após negociações com Estados-membros.

A presidência de Annalena Baerbock terá como base o lema "Melhor Juntos", com a ex-MNE alemã a afirmar que pretende dialogar com todos os Estados-membros da ONU para construir consensos para que "as Nações Unidas possam servir as gerações presentes e futuras".

A última mulher a ocupar o cargo foi a equatoriana María Fernanda Espinosa, eleita para o mandato iniciado em setembro de 2018.

Embora a função de presidente da Assembleia-Geral não tenha a mesma importância do cargo de secretário-geral das Nações Unidas, o facto de ser uma mulher é considerado altamente simbólico num momento em que crescem os pedidos para que a liderança da ONU também seja ocupada por uma mulher, algo que nunca aconteceu antes.  

Após a eleição da política alemã, o secretário-geral da ONU, António Guterres, recordou que Annalena Baerbock chega ao cargo "num momento difícil e incerto para o sistema multilateral", com conflitos, catástrofes climáticas, pobreza e desigualdade a continuarem "a desafiar a família humana".

"A desconfiança e as divisões são abundantes", frisou, defendendo ser este o momento para união, para forjar soluções comuns e agir para enfrentar os desafios.

"A visão da presidente eleita Baerbock --- "Melhor Juntos" --- é um grito de guerra inspirador para o mundo de hoje e para o sistema global de resolução de problemas, personificado pelas Nações Unidas, para enfrentar estes desafios", avaliou Guterres.

O ex-primeiro-ministro português, que encerra no próximo ano o seu segundo e último mandato, enalteceu o "significado histórico" de a política alemã ser apenas a quinta mulher a ser eleita presidente da Assembleia-Geral e ofereceu-lhe o seu "total apoio" ao assumir esta "importante responsabilidade".

A Assembleia-Geral é o órgão no qual os 193 Estados-membros da ONU se sentam em pé de igualdade e tem uma função exclusivamente representativa, uma vez que o verdadeiro poder é exercido pelo Conselho de Segurança (com capacidade de fazer aprovar resoluções com caráter vinculativo), que conta com cinco potências como membros permanentes e com direito de veto: Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido e França. 

Os poderes do presidente da Assembleia-Geral incluem a supervisão do orçamento da ONU, a nomeação dos membros não-permanentes para o Conselho de Segurança e a condução do processo de nomeação do secretário-geral da ONU. 

Outras atribuições incluem receber relatórios de outras áreas das Nações Unidas, fazer recomendações na forma de resoluções, bem como estabelecer vários órgãos subsidiários. 

O professor catedrático e político português Diogo Freitas do Amaral foi presidente da 50.ª Assembleia-Geral da ONU entre setembro de 1995 e setembro de 1996. 

A 80.ª sessão da Assembleia-Geral da ONU terá início no próximo mês de setembro. 

[Notícia atualizada às 17h36]

Leia Também: ONU exige investigação sobre morte de palestinianos em entrega de ajuda

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