Irão ameaça retaliar aproveitamento político europeu de relatório da AIEA

O Irão ameaçou hoje retaliar se houver aproveitamento político dos países europeus de um relatório confidencial da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) segundo o qual Teerão acelerou a produção de urânio altamente enriquecido.

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Lusa
01/06/2025 12:58 ‧ há 2 dias por Lusa

Mundo

Nuclear

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, falou hoje por telefone com o diretor da AIEA na sequência das notícias sobre o relatório e reafirmou a Rafael Grossi a "cooperação contínua" do Irão.

 

"O Irão responderá a qualquer ação inadequada dos países europeus", disse Araghchi a Grossi, segundo a agência de notícias -Presse (AFP).

Araghchi pediu a Grossi que garantisse "que certas partes não explorassem a agência para agendas políticas contra o povo iraniano".

No relatório, a que a agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP) teve o no sábado, a AIEA afirma que o Irão é agora "o único Estado não detentor de armas nucleares" a produzir urânio a níveis próximos do usado para armamento.

Os países europeus poderão tomar novas medidas contra o Irão com base no relatório exaustivo, o que poderá conduzir a um agravamento das tensões entre o Irão e o Ocidente.

A França, o Reino Unido e a Alemanha, juntamente com a Rússia e a China, são membros de um acordo para supervisionar o programa nuclear do Irão, assinado com a República Islâmica em 2015.

Os Estados Unidos retiraram-se unilateralmente do acordo três anos depois, durante o primeiro mandato de Donald Trump (2017-2021).

A AIEA vai reunir o Conselho de Governadores de 09 a 13 de junho, em Viena (Áustria), uma reunião trimestral em que serão analisadas as atividades nucleares do Irão.

Nas últimas semanas, Paris, Londres e Berlim ameaçaram acionar um mecanismo previsto no acordo de 2015 que permite reimpor as sanções da ONU se o Irão não cumprir os compromissos.

De acordo com o relatório da AIEA, a quantidade total de urânio enriquecido do Irão excede agora em 45 vezes o limite autorizado pelo acordo de 2015, atingindo 9.247,6 quilogramas.

A agência nuclear da ONU regista um claro aumento do urânio enriquecido a 60%, um limiar que se aproxima dos 90% necessários para fabricar uma arma nuclear, de acordo com o relatório também consultado pela AFP.

O relatório surge no momento em que Washington e Teerão mantêm conversações há várias semanas, numa tentativa de chegar a um novo acordo.

O Irão afirmou no sábado ter recebido elementos de uma proposta dos Estados Unidos após cinco rondas de negociações mediadas por Omã, e Abbas Araghchi disse nas redes sociais que iria responder de forma adequada.

A proposta apela ao Irão para que cesse todo o enriquecimento de urânio e propõe a criação de um grupo regional para a produção de energia nuclear, segundo a imprensa norte-americana.

O grupo regional incluiria o Irão, a Arábia Saudita e outros Estados árabes, bem como os Estados Unidos.

Nem o Irão nem os Estados Unidos comentaram as notícias sobre a proposta.

Os países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, e Israel, inimigo declarado do Irão e considerado pelos especialistas como a única potência nuclear do Médio Oriente, suspeitam que Teerão pretende adquirir armas nucleares.

O Irão nega ter tais ambições militares, mas insiste ter direito à energia nuclear civil, nomeadamente para fins energéticos, ao abrigo do Tratado de Não Proliferação (TNP) de que é signatário.

O Irão é o único país sem armas nucleares a enriquecer urânio a um nível elevado, muito acima do limite de 3,67% estabelecido pelo acordo de 2015, de acordo com a AIEA.

Leia Também: AIEA diz que não pode confirmar se programa nuclear iraniano é pacífico

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