"É por isso que rejeitamos dois pesos e duas medidas", afirmou Macron, referindo-se à Ucrânia, ao discursar na abertura do fórum de defesa Diálogo de Shangri-La, em Singapura, segundo a agência de notícias -Presse (AFP).
Macron insistiu que a Europa deve reconhecer formalmente o Estado da Palestina por uma questão de credibilidade e deixar de dar "carta-branca" a Israel na campanha militar na Faixa de Gaza.
"Neste momento, a Europa está a dar carta-branca a Israel", afirmou, também citado pela agência de notícias espanhola Europa Press.
"Temos de trabalhar para o reconhecimento de um Estado palestiniano. Se abandonarmos Gaza e dermos carta-branca a Israel, estaremos a arruinar a nossa própria credibilidade", acrescentou.
Macron fez o discurso de abertura do Diálogo de Shangri-La hoje à noite (hora de Singapura), o principal fórum de defesa da Ásia, promovido pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.
O secretário da Defesa norte-americano, Pete Hegseth, participa no fórum, que este ano não conta com a presença do homólogo chinês, Dong Jun, uma decisão pouco habitual por parte de Pequim.
Macron avisou os Estados Unidos de que correm o risco de uma perigosa duplicidade de critérios ao concentrarem-se num potencial conflito com a China, se essa mudança for feita à custa do abandono da Ucrânia.
Os comentários de Macron surgem numa altura em que Washington está a considerar deslocar tropas da Europa para o Indo-Pacífico, segundo a agência de notícias norte-americana Associated Press (AP).
Macron alertou que o abandono da Ucrânia acabará por minar a credibilidade dos Estados Unidos na dissuasão de qualquer potencial conflito com a China em relação a Taiwan.
O Presidente francês apelou à "construção de novas alianças" baseadas no Estado de direito e à rejeição de "dois pesos e duas medidas" face ao reino da força e das superpotências como os Estados Unidos ou a China.
"Estamos a enfrentar o desafio dos países revisionistas que querem impor esferas de coerção em nome de esferas de influência", afirmou.
Defendeu, por isso, uma nova aliança positiva entre a Europa e a Ásia.
Uma aliança "baseada nos nossos princípios e responsabilidades comuns, para não nos tornarmos vítimas colaterais de decisões tomadas por superpotências" disse, segundo a agência espanhola EFE.
O líder francês disse estar convencido de que tal abordagem pode permitir "convencer outros a juntarem-se", devido à "dimensão e credibilidade" euro-asiática.
Macron disse ainda que a China deve impedir a Coreia do Norte de colocar tropas "em solo europeu", na Ucrânia, ao lado da Rússia, como aconteceu na região russa de Kursk.
"Se a China não quer que a NATO se envolva no Sudeste Asiático ou na Ásia, deve impedir claramente que a Coreia do Norte se envolva em solo europeu", afirmou.
Leia Também: Talibãs convocam recitação do Corão em solidariedade com palestinianos