Num comunicado, o CICV salientou que a proteção da população de Gaza "não é apenas uma obrigação no âmbito do Direito Internacional", mas também "um imperativo moral".
"A escala de destruição que vemos neste momento em Gaza não nos aproximará da paz ou da estabilidade. Apenas aprofundará o sofrimento", lamentou o chefe da delegação do CICV para Israel e os Territórios Ocupados, Julien Lerisson, no comunicado em que a organização exige também "medidas urgentes".
Na quarta-feira, um hospital de campanha da Cruz Vermelha foi atingido por várias balas perdidas que causaram ferimentos a um paciente, enquanto na terça-feira à noite outro centro semelhante recebeu em pouco tempo 48 pessoas com ferimentos de bala.
"Dois exemplos que, para o CICV, simbolizam os efeitos colaterais da atual escalada", denunciou a organização internacional, com sede em Genebra, Suíça.
O CICV, que lembrou que as instalações e o pessoal médico deveriam gozar de proteção especial, lamentou ainda o baixo nível de ajuda humanitária fornecida como resultado do bloqueio israelita.
Depois de verificar no terreno a situação na Faixa de Gaza, Lerisson afirmou que "as necessidades humanitárias são esmagadoras".
"Um camião, três, mesmo 100, por dia simplesmente não são suficientes para cobrir a magnitude das necessidades de dois milhões de pessoas. Não podemos enfrentar uma crise desta magnitude com soluções incompletas", frisou.
O CICV aproveitou também para pedir novamente a libertação imediata de todos os reféns que ainda estão nas mãos do grupo extremista palestiniano Hamas, mais de 600 dias após os ataques de 07 de outubro de 2023.
A organização, que colaborou em vários processos de entrega na troca de reféns israelitas e prisioneiros palestinianos, confia que seja possível pôr fim ao "pesadelo" dos sequestrados e detidos, bem como os das respetivas famílias.
A guerra eclodiu em Gaza após um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 54 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.
Há muito que a ONU declarou a Faixa de Gaza como estando mergulhada numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica", a fazer "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
A ofensiva israelita também destruiu grande parte das infraestruturas do território governado pelo Hamas desde 2007.
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