"A imprensa não se deve limitar a dar informação, pode também transmitir valores e histórias humanas. As agências noticiosas são uma porta para levar a cultura dos países organizadores ao mundo", afirmou Fouad Arif, diretor-geral da Agência de Notícias de Marrocos (MAP), durante a 33.ª Assembleia da Aliança das Agências de Notícias do Mediterrâneo (AMAN), da qual faz parte a agência Lusa, que decorre em Marrocos.
O diretor da MAP destacou a importância do Mundial2030, que será organizado por Portugal, Espanha e Marrocos, e ará também pela América do Sul, como "uma oportunidade para promover o jornalismo sem fronteiras" e uma "alavanca económica e social".
Abdelghani Aouifia, também da agência marroquina, destacou o papel importante que os membros da AMAN podem ter no combate à desinformação, "trabalhando, como sempre fazem, com objetividade, imparcialidade e muita verificação".
A jornalista marroquina Houyam Benhamou lembrou que "80% das notícias que circulam nas redações resultam do trabalho das agências, que têm uma responsabilidade acrescida no combate às notícias falsas", e deixou um alerta: "É muito importante informar, contextualizar e deixar um legado social para África".
Walid Regragui, o atual selecionador de futebol de Marrocos, que participou num dos painéis, assumiu estar convicto de que "os três países estão mais do que à altura das expetativas para organizar o melhor evento de sempre, promovendo o futebol e os valores sociais".
O técnico, que em 2022 liderou a seleção que afastou Portugal das meias-finais do Mundial Qatar2022, também se mostrou preocupado com o combate à desinformação.
"Há gente não informada que quer ocupar o seu lugar no mundo do jornalismo, isso não pode acontecer. Queremos gente informada com informação credível e comprovada", disse Regragui.
Na 33.ª Assembleia da AMAN foi também destacado o papel da competição, que, pela primeira vez, decorrerá em mais do que um continente, na criação de pontes entre a Europa e África, bem como a importância do futebol como elemento agregador, que pode ter um papel de destaque na promoção da paz.
Joaquim Carreira, presidente da agência Lusa, aludiu ao papel do futebol na "unificação das pessoas", destacou a necessidade de apostar no trabalho ao nível da responsabilidade social e alertou para a importância de investir num esforço conjunto das agências que integram a AMAN, tendo em vista a aproximação dos dois lados do Mediterrâneo.
Fundada em 1991, a AMAN tem como principais objetivos a colaboração e o intercâmbio de informações e conteúdos entre as agências nacionais de notícias dos países mediterrânicos, contando atualmente com 19 membros.
A organização do Mundial2030 em Portugal, Espanha e Marrocos foi ratificada em 11 de dezembro de 2024 no Congresso da FIFA, numa competição que também ará pela América do Sul, nomeadamente por Argentina, Paraguai e Uruguai, que irão acolher três partidas da fase final, como forma de celebrar o centenário da competição, cuja primeira edição decorreu no Uruguai, em 1930.
Portugal, que recebeu o Euro2004, vai organizar pela primeira vez o Campeonato do Mundo, tal como Marrocos, que repete este ano o estatuto de anfitrião da Taça das Nações Africanas (CAN), estreado em 1988, enquanto a Espanha já albergou o Euro1964 e o Mundial1982.
Os três estádios portugueses que vão acolher jogos do Mundial2030 serão o Estádio da Luz e o Estádio José Alvalade, ambos em Lisboa, e o Estádio do Dragão, no Porto.
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