"Cem camiões pertencentes à ONU e à comunidade internacional, transportando ajuda humanitária - incluindo farinha, comida para bebés e material médico - foram hoje [quarta-feira] transferidos para a Faixa de Gaza através da agem de Kerem Shalom", referiu a COGAT, uma agência do Ministério da Defesa de Israel, em comunicado.
A ONU indicou, por sua vez, que cinco camiões que transportavam ajuda entraram em Gaza na segunda-feira, enquanto Israel referiu que outros 93 o fizeram na terça-feira.
O seu conteúdo ainda não foi distribuído ao público, disse hoje o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric.
"Até agora [final da tarde de quarta-feira em Gaza], nenhum dos mantimentos conseguiu sair da zona de desembarque de Kerem Shalom. Isto porque, ontem à noite [terça-feira], as autoridades israelitas apenas autorizaram a agem das nossas equipas por uma zona muito congestionada, e sentimos que era inseguro, um local com elevado risco de pilhagens", explicou Dujarric.
Em dois dias, cerca de 100 camiões entraram no enclave para abastecer uma população de cerca de 2,1 milhões de pessoas, em comparação com cerca de 500 antes da guerra, o que já era insuficiente para as organizações humanitárias.
O primeiro-ministro israelita disse hoje estar pronto para aceitar um "cessar-fogo temporário" na Faixa de Gaza que permita a libertação dos últimos 20 reféns, e posteriormente pretende assumir o controlo de todo o enclave palestiniano.
Netanyahu advertiu, entretanto, ser preciso "evitar uma crise humanitária" para manter "a liberdade operacional de ação" dos militares israelitas, alegando que a intensificação dos ataques e as restrições à entrada de ajuda aos habitantes do território provocaram uma vaga de condenação internacional.
Na conferência de imprensa, a primeira em cinco meses, o líder israelita reiterou igualmente que a população da Faixa de Gaza está a ser transferida para sul, à medida que os militares vão assumindo o controlo do território.
Será nesta área "limpa do Hamas" que os habitantes deverão receber ajuda humanitária, referiu, dois dias depois de os primeiros camiões de transporte terem sido autorizados a entrar no enclave, ao fim de mais de dois meses de bloqueio, mas que as Nações Unidas consideraram "uma gota no oceano" face às enormes necessidades.
Benjamin Netanyahu insistiu que Israel implementará o plano do Presidente norte-americano, Donald Trump, para a Faixa de Gaza quando a guerra terminar, o que condicionou à expulsão do Hamas do enclave e se houver "condições claras que garantam a segurança de Israel", além da libertação dos reféns detidos no enclave desde outubro de 2023.
No fim de semana, Israel iniciou uma nova operação terrestre e aérea no território, após vários dias consecutivos de bombardeamentos que provocaram centenas de mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas.
O conflito foi desencadeado pelos ataques liderados pelo grupo islamita palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e mais de duas centenas de reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 53 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Leia Também: Israel ordena evacuação de zonas do norte de Gaza antes de novos ataques