MNE convoca embaixador de Israel após diplomatas atacados. Que aconteceu?

Do ataque contra diplomatas na Cisjordânia à promessa de "medidas diplomáticas adequadas", eis o que se sabe sobre o incidente que está a ser condenado pela comunidade internacional.

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© MOHAMMAD MANSOUR/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
21/05/2025 19:42 ‧ ontem por Notícias ao Minuto com Lusa

Mundo

Cisjordânia

Um ataque do Exército israelita contra uma comitiva diplomática, que incluía um diplomata português, em Jenin, na Cisjordânia, fez com que o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) português convocasse o embaixador de Israel em Lisboa.

 

Do incidente à promessa de "medidas diplomáticas adequadas", eis o que se sabe:

A informação foi avançada pela agência de notícias palestiniana WAFA, que - citando o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana - divulgou imagens dos ataques, nas quais se veem pelo menos dois israelitas fardados na direção de um grupo de pessoas que estavam a dar entrevistas.

Segundo a WAFA, além do diplomata português, figuravam na delegação representantes da União Europeia (UE), Áustria, Bulgária, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Itália, Lituânia, Polónia, Reino Unido, Roménia, Rússia, Turquia, China, Canadá, México, Índia, Japão, Sri Lanka, Egito, Jordânia e Marrocos, bem como um número indeterminado de diplomatas de outros países. A agência deu ainda conta de um diplomata brasileiro, mas o Ministério das Relações Exteriores do Brasil já adiantou que "não havia nenhum diplomata brasileiro na ocasião"

O Ministério dos Negócios Estrangeiros português confirmou à Lusa que na delegação de diplomatas estava o chefe de missão diplomática em Ramallah, Frederico Nascimento, que se encontra a salvo.

Português entre delegação de diplomatas atacada por Israel em Jenin

Português entre delegação de diplomatas atacada por Israel em Jenin

Pelo menos um diplomata português e outro brasileiro estavam entre uma delegação de embaixadores alegadamente alvo de disparos do exército israelita em Jenin, na Cisjordânia ocupada, reportou hoje a agência noticiosa palestiniana, que adiantou que ninguém ficou ferido.

Lusa | 13:03 - 21/05/2025

O grupo de diplomatas estava junto à entrada do campo de refugiados de Jenin quando ouviram tiros pouco antes das 14h00 locais (12h00 em Lisboa), embora não se saiba de onde vieram os tiros, segundo um trabalhador humanitário, citado pela agência noticiosa Associated Press (AP), que não quis ser identificado por receio de represálias.

Posteriormente, Israel itiu que foram disparados tiros de aviso após um grupo internacional de mais de 20 diplomatas se ter "desviado da rota aprovada" e "lamentou o incómodo" causado pelos disparos.

"A delegação desviou-se do itinerário aprovado e entrou numa zona onde não estava autorizada a estar", declarou o exército israelita em comunicado, sublinhando que os soldados do exército que operavam na zona dispararam tiros de aviso para os afastar. 

Face ao ataque, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português frisou que "Portugal condena liminarmente o ataque do exército israelita à comitiva diplomática no campo de refugiado".

"O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, transmitiu toda a solidariedade ao Embaixador português que integrava a comitiva e tomará as medidas diplomáticas adequadas", acrescenta a nota divulgada nas redes sociais. 

Mais tarde, foi anunciado que o ministério convocou o embaixador de Israel em Lisboa na sequência do incidente, "que põe em causa do Direito Internacional".

Vários países - como Espanha, França e Itália - tomaram a mesma decisão com o objetivo de obter "esclarecimentos e responsáveis".

O tiroteio provocou uma série de reações negativas, incluindo da chefe da diplomacia da UE, que exortou Israel a investigar os disparos do exército israelita. "Apelamos a Israel para que investigue este incidente e também para que responsabilize os responsáveis", disse Kaja Kallas, acrescentando que qualquer ameaça à vida de diplomatas é "inaceitável".

Já o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, manifestou-se "alarmado" com os tiroteios e pediu uma "investigação completa" ao ataque, que considerou "inaceitável".

Guterres "está alarmado com os relatos do que o exército israelita chamou de tiros de advertência contra diplomatas, incluindo funcionários da ONU", disse à imprensa Stéphane Dujarric, porta-voz de Guterres.

Também o Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, responsabilizou "arrogância" de Israel pelos disparos. "O facto de os soldados israelitas terem disparado diretamente contra 25 embaixadores e diplomatas árabes e europeus durante a sua visita (...) é uma manifestação da arrogância da ocupação israelita e da violação de todas as normas internacionais", declarou o grupo islamita palestiniano em comunicado.

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