"Estamos a caminhar confiantemente para o nosso objetivo de uma Turquia livre de terrorismo, ultraando obstáculos, quebrando preconceitos e frustrando as armadilhas da discórdia", declarou Erdogan, em reação ao anúncio do PKK, que põe fim a mais de 40 anos de guerrilha na Turquia.
Num discurso à nação, após uma reunião do seu executivo, o líder turco destacou que esta decisão "abre as portas a uma nova era" para o país e para a região.
"Interpretamos esta decisão como abrangendo todos os ramos da organização, quer no norte da Síria, quer na Europa", disse Erdogan, referindo-se às milícias curdas sírias e às redes do PKK dentro da comunidade curda estabelecidas em vários países europeus.
As Forças Democráticas Sírias (FDS), lideradas pelos curdos, também saudaram a dissolução do PKK, acreditando que abrirá uma "nova fase" na política da região.
"O PKK desempenhou um papel histórico no Médio Oriente no ado. Estamos confiantes de que este o abrirá caminho a uma nova fase política e de paz na região", comentou Mazlum Abdi, comandante das FDS, cuja principal componente é considerada por Ancara uma extensão do PKK e foi combatida recentemente por forças pró-turcas, após a queda do regime sírio de Bashar al-Assad, em dezembro do ano ado.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Síria, Asaad al-Shaibani, alertou por seu lado que qualquer "procrastinação" na implementação do acordo alcançado em março entre as novas autoridades de Damasco e os curdos pode "prolongar o caos" no país.
Depois da queda de Bashar al-Assad, o Presidente interino, Ahmed al-Charaa, e Mazloum Abdi am um acordo para integrar no estado sírio as instituições da istração curda que controlam vastos territórios ricos em trigo, petróleo e gás no norte e nordeste do país.
Os curdos rejeitaram porém a declaração constitucional adotada por Damasco, que concede plenos poderes a al-Charaa, e receberam mal a formação de um novo governo, criticando que não refletia a diversidade da Síria.
"Estamos agora a implementar o acordo nacional com as FDS e a colocar todas as regiões sob o controlo do Estado central", disse Shaibani numa conferência de imprensa conjunta com os seus homólogos turco e jordano em Ancara, à margem de um seminário sobre segurança e coordenação militar.
Para o chefe da diplomacia de Damasco, "este processo é complexo e sensível, mas é necessário", sublinhando que "procrastinar a implementação deste acordo prolongará o caos, abrirá caminho a intervenções estrangeiras e alimentará tendências separatistas".
Noutro país com forte implantação curda, o Iraque saudou a decisão do PKK, considerando que se trata de um "o positivo" que "fortalecerá a segurança e a estabilidade" tanto no país como no Médio Oriente.
"Este anúncio representa uma oportunidade real para avançar nos esforços de paz e pôr fim aos conflitos generalizados cujas repercussões afetam os povos da região há décadas", sustentou o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraquiano.
De acordo com a diplomacia de Bagdade, esta medida permite uma "reconsideração dos pretextos utilizados para justificar a presença estrangeira em território iraquiano", referindo-se à atividade militar de rotina das forças armadas turcas no norte do Iraque, onde o PKK mantém a sua retaguarda.
O ministério sublinhou o seu "apoio a todos os esforços que visem a consolidação da paz e da estabilidade" e enfatizou "a importância de abordar os desafios de segurança através do diálogo e do entendimento para alcançar as aspirações dos povos da região de segurança e desenvolvimento".
O secretário-geral da ONU também assinalou o anúncio do PKK, que representa "mais um o importante" em direção à paz, segundo o seu porta-voz.
"Esta decisão, se for implementada, representa mais um o importante para a resolução pacífica de um conflito de longa data", disse Stéphane Dujarric aos jornalistas.
O PKK anunciou hoje a sua dissolução e o fim da luta armada, respondendo ao apelo feito no final de fevereiro pelo fundador e líder da organização, Abdullah Öcalan, que cumpre pena de prisão perpétua há 25 anos.
Öcalan já tinha anunciado o fim das aspirações de independência do PKK em 2013, bem como a intenção de integrar os curdos numa Turquia democrática e depor as armas, mas o processo foi abortado em 2015 e os combates e ataques intensificaram-se.
Abdullah Öcalan, detido na ilha-prisão turca de Imrali, foi preso em 1999 durante uma operação levada a cabo pelas forças de segurança turcas no Quénia, após anos de fuga, e condenado à morte.
Escapou da pena capital quando a Turquia aboliu a pena de morte em 2004 e desde então cumpre pena de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.
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