"A última vez que o Mamelodi Sundowns ganhou a Liga dos Campeões foi em 2016. É uma grande oportunidade de voltar a fazer história, mas com a consciência de que não há favoritos claros. Nós temos um pouco mais de experiência neste tipo de jogos, mas o Pyramids também tem uma equipa muito forte", disse o português, em declarações à agência Lusa.
O técnico natural da Trofa, de 52 anos, que vai disputar a final pela segunda vez consecutiva, depois de, na época ada, ao serviço dos tunisinos do Espérance de Tunis, ter sido batido pelos egípcios do Al Ahly, considerou que os "detalhes podem fazer a diferença" neste tipo de jogos.
"As finais, mesmo sendo jogadas para vencer, decidem-se muitas vezes em pormenores. E, neste caso, é ainda mais particular porque aqui em África é disputada a duas mãos. Temos de ser fortes e consistentes, e conhecedores do adversário que vamos enfrentar", partilhou.
Precisamente sobre o Pyramids, orientado pelo croata Krunoslav Jurcic, Miguel Cardoso falou num adversário "com qualidade, jogadores experientes e que está entre os melhores do continente".
"É uma equipa fortíssima. Está a lutar pelo título no Egito, que é um dos campeonatos mais fortes em África, vai disputar a final da Taça, e fez uma grande campanha na 'Champions'. Foi construída com critério e qualidade, assente num grande investimento financeiro, recheada de bons valores", analisou.
O técnico luso, que já orientou clubes como o Rio Ave, Celta de Vigo, Nantes ou AEK Atenas, abordou a particularidade de a final da Liga dos Campeões africana ser disputada a duas mãos, considerando que "eleva a fasquia de preparação".
"Os jogos têm de ser geridos com máxima concentração, principalmente do ponto de vista defensivo. Os golos fora ainda contam aqui e, por isso, não sofrer na primeira mão é muito importante. São desafios de qualidade máxima e decisões que muitas vezes nascem de um detalhe de inspiração", analisou.
O Mamelodi Sundowns joga o primeiro jogo da final em casa, e o segundo na cidade do Cairo, no Egito, num modelo que o técnico reconhece que "pode fazer alguma confusão a quem não entende a realidade em África".
"É um contexto particular. Viajar do norte ao sul de África pode demorar 10 horas e seria difícil aos adeptos estarem presentes num campo neutro. Claro que tira algum carisma à ideia de uma final, mas não deixa de ser um grande espetáculo. Claro que exige uma preparação diferente, sobretudo quando sabemos que teremos o segundo jogo no Cairo, num dos ambientes mais intensos no norte de África", partilhou.
Depois de ter terminado a fase de grupos no segundo lugar, com menos um ponto do que os marroquinos do FAR Rabat, o Mamelodi Sundowns afastou adversários de peso na fase a eliminar, superando o Espérance de Tunis, nos 'quartos', e os egípcios do Al Ahly, nas 'meias'.
"As pessoas podem não ter bem a noção da dificuldade que é esta competição, mas o nível é altíssimo. São as melhores equipas de um grande continente. O Al Ahly dominou os últimos anos [quatro títulos em cinco épocas] e conseguimos eliminá-lo. Temos uma equipa muito coesa, com jogadores de qualidade, que são a base da seleção da África do Sul", lembrou.
Além de vários internacionais sul-africanos, a equipa do Mamelodi Sundowns, que esta época conquistou o título nacional pela oitava vez consecutiva, conta ainda com jogadores argentinos, chilenos e brasileiros, entre eles o ponta de lança Arthur Sales, que em 2023 teve uma breve agem pelo Paços de Ferreira.
O Malmelodi Sundowns começa a disputar o troféu em casa frente aos egípcios do Pyramids, em Pretória, no sábado, num encontro marcado para as 15:00 locais (14:00 em Lisboa), com a segunda mão agendada para 01 de junho, no Cairo.
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