O candidato à liderança do Partido Socialista (PS), José Luís Carneiro, defendeu, esta terça-feira, que cabe à justiça averiguar a empresa familiar de Luís Montenegro, a Spinumviva, notando que é o que lhe parece "razoável, adequado e sensato".
"O Partido Socialista não pode abdicar de nenhum dos instrumentos de escrutínio da ação do Governo. As comissões de inquérito são um dos instrumento de escrutínio do Governo. Contudo, é público que a Procuradoria-Geral da República tem em curso uma averiguação para procurar esclarecer dúvidas que ainda prevalecem sobre esses assuntos. Deixemos que o assunto seja tratado pela Justiça. É aquilo que me parece razoável, adequado, sensato à luz daquilo que são as informações que dispomos nesta altura", afirmou José Luís Carneiro aos jornalistas quando questionado se a comissão de inquérito não seria uma prioridade e se esperaria pela Justiça.
O socialista notou ainda que, mesmo que hajam "novos elementos", "a decisão não é única do secretário-geral", uma vez que o Partido Socialista tem "órgãos constituídos, nomeadamente a Direção Nacional, mas tem também o grupo parlamentar que contribui para a formação da decisão".
"Qualquer pronúncia minha, para além do que é a minha própria posição, relativamente aquilo que tem que ver com o poder dos órgãos, seria estar a substituir-me aos órgãos que, democraticamente, constituem este partido que é um partido democrático", salientou.
Recorde-se que, recentemente, a Procuradoria-Geral da República solicitou "elementos adicionais" em relação às duas averiguações em curso - uma relacionada com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e a empresa Spinumviva, e outra relacionada com o ex-secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, e a aquisição de um imóvel em Lisboa.
O caso relacionado com a Spinumviva fez com que o Governo caísse após a apresentação de uma moção de confiança, que foi chumbada na Assembleia da República, e provocou eleições antecipadas.
Sobre uma possível revisão constitucional, Carneiro defendeu que "o Partido Socialista deve colocar condições", sendo que "uma das condições é que o Governo da AD estabeleça como seu parceiro de diálogo, nomeadamente das questões de regime, o Partido Socialista".
Recorde-se que a AD (PSD/CDS-PP), liderada pelo atual primeiro-ministro, Luís Montenegro, venceu as eleições legislativas de 18 de maio, com mais de 32% dos votos, sem maioria absoluta. Em coligação, os dois partidos elegeram 89 deputados, dos quais 87 são do PSD e dois do CDS-PP - mais de um terço dos 230 lugares do Parlamento, mas longe da maioria absoluta.
Ainda sem os resultados dos dois círculos da emigração, o PS é o segundo mais votado, com 23,38% dos votos, e 58 deputados, os mesmos que o Chega, que tem menor votação, 22,56%.
De acordo com os resultados provisórios divulgados pela Secretaria-geral do Ministério da istração Interna, segue-se a IL, em quarto lugar, com 5,53% dos votos e nove deputados, e depois o Livre, com 4,2% e seis eleitos.
[Notícia atualizada às 14h31]
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