Em entrevista, José Soares falou de uma instituição, primeiro denominada Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho (FNAT) quando foi criada em 13 de junho de 1935, durante o Estado Novo, para promover o "turismo social" e que, após a revolução dos cravos, em abril de 1974, ou a designar-se Fundação Inatel.
"O nosso legado é da promoção do lazer e do tempo livre, mas também as nossas unidades, os nossos valores, nossas viagens quer para os trabalhadores quer para os reformados", respondeu o responsável à questão sobre qual foi o principal papel da instituição nas últimas nove décadas.
Lembrando que a FNAT surgiu "numa altura em que a sociedade era muito fechada e havia uma componente política forte por trás", José Soares prefere, contudo, olhar para o que se proporcionou de "fruir do tempo livre e fruir com uma organização de qualidade e com afeto".
A isto juntou a componente da cultura e do desporto para trazer à conversa números grandes: "as nossas delegações distritais interagem diretamente no âmbito do desporto e da cultura com cerca de 3.500 associados coletivos, os chamados CCD, Centros de Cultura e Desporto".
Estes, prosseguiu, têm os seus associados que elevam a fundação para quase 250 mil associados, o que faz com que "em qualquer sítio de Portugal há uma pessoa que conhece o Inatel", afirmou José Soares.
Neste crescimento sugiram equipamentos, quer no desporto quer na cultura, que são hoje sinónimos do Inatel, como o Parque de Jogos 1.º de Maio, o Teatro da Trindade Inatel, o Museu e Biblioteca e o Palácio Barrocal.
Já há décadas com campeonatos de futebol, basquetebol, ténis de mesa e pesca, a fundação olha agora para quem tem mais idade e que continuar a ser ativo e abriu competições de boccia, mas também de 'walking football', uma variante do futebol em que uma das regras é que não se pode correr, revelou o dirigente, dando nota de "uma adesão muito grande".
E com o grosso dos associados a ter uma idade avançada, o olhar para o futuro obriga a tentar cativar os jovens para compensar os que já morreram, explicou José Soares.
"Nós estamos a tentar compensar. Uma das coisas que quis imprimir neste meu mandato foi a captação de novos associados. E temos feito muitas interações em atividades promovidas por municípios. Dizer às pessoas que a fundação não é exclusivamente para formados ou para idosos (...) que a fundação é para todos, todos, todos, parafraseando o Papa Francisco", disse.
Todavia, sinalizou, o trabalho para os jovens não começa agora, uma vez que a fundação já criou respostas para estudantes deslocados em Faro, Évora, Portalegre e Vila Real e está a estudar a abertura de mais camas em Braga e em Coimbra.
Afastando a ideia de que os 20 euros que cada associado paga por ano tenha uma grande peso no orçamento da fundação, José Soares está mais preocupado em fidelizar clientes para poder manter "a vertente de receita".
Quanto a projetos para serem cumpridos até ao século de existência, o presidente da fundação remete essas decisões para 2026.
A anterior direção da fundação anunciou em janeiro de 2024 a intenção de instalar em Santa Maria da Feira, a partir de 2026, num antigo espaço da Segurança Social, um hotel para dar trabalho a refugiados e acolher exilados. Questionado sobre em que situação está esse projeto, José Soares foi cauteloso na resposta.
"Estamos a avaliar. Esse edifício era propriedade da Segurança Social e ou a propriedade da fundação recentemente com algumas cláusulas, com algumas obrigações. Temos de analisar muito bem para não entrarmos em loucuras de começarmos a trabalhar num sentido que depois seja negado pelo clausulado", revelou.
No âmbito das comemorações vão promover um concerto, na noite de 13 de junho, no Largo Amor de Perdição, no Porto, numa série de eventos que inclui a apresentação de uma fotobiografia sobre os 90 anos da fundação.
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