A família de um jovem português, de Braga, desaparecido na Ucrânia desde janeiro, pediu a ajuda do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do Governo português para obter respostas.
Numa carta aberta dirigida ao Presidente da República, ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, e ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, Mariana Faria, explica que o irmão, Bruno Faria, de 27 anos, acabou por se afastar do Exército português devido a uma condição de saúde, especificamente asma. No entanto, "foi em busca do que dizia ser a sua razão de viver" para a Ucrânia: "ajudar o outro".
"A 4 de outubro de 2024, o Bruno entrou em território ucraniano, voluntariando-se junto da Legião Internacional para a Defesa da Ucrânia. Tudo corria bem, ele estava feliz e orgulhoso de si", contou no apelo, divulgado nas redes sociais este domingo.
Contudo, "na véspera de Natal", o antigo militar no Regimento de Cavalaria n.º 6, em Braga, "foi convocado para uma missão de 13 dias, durante os quais estaria inável".
"Ele prometeu que voltaria, mas não voltou… ainda! O Bruno está desaparecido desde dia 8 de janeiro, desaparecimento este que se deu na cidade de Toretsk, região de Donetsk. Desde então, ados já quase 6 meses, continuamos sem notícias suas, apesar dos vários os que fizemos com as mais variadas entidades. Foram 6 meses que estivemos em silêncio, em que aguardamos respostas que nunca tivemos", continuou.
Sem saber a quem recorrer e "em contrarrelógio", a família decidiu avançar com este pedido de ajuda.
"Peço-vos que intercedam pelo meu irmão entre os meios que melhor considerarem. Peço-vos que ajudem esta família desesperada por notícias. E peço-vos também a vós, cidadãos portugueses, pais, filhos e irmãos… pois são vocês a nossa última esperança, a esperança de nos fazerem ser ouvidos", apelou, referindo que Bruno tem ainda uma "filha, de apenas seis anos".
"Sei que alguns poderão julgar este meu apelo, pois a verdade é que foi a vontade do meu irmão em se voluntariar mesmo sabendo dos perigos que poderia enfrentar. Mas se me permitem, não é momento para julgamentos. Eu, Mariana, peço-vos ajuda mesmo ciente disso", apontou a jovem.
A família espera encontrar "as respostas" às "perguntas" que tem e este "seja o caminho" que a leve "até elas".
"A única verdade é esta: A informação oficial que temos em nossa posse confirma o seu desaparecimento, mas nunca o seu falecimento foi afirmado, apesar de ter sido noticiado e dado como garantido esse desfecho. O desaparecimento deu-se em território agora ocupado pelo 'inimigo', dificultando as ações investigativas necessárias para a obtenção de informações concretas e precisas", explicou ainda, falando em "negligência" e "silêncio".
Segundo Mariana, a Legião Internacional para Defesa da Ucrânia" recusa-se a falar, os seus membros foram obrigados a remeter-se ao silêncio".
"O meu irmão confiou a sua vida em quem não se dignou a dar uma palavra de conforto, um relato sobre o que aconteceu… É lamentável!", rematou.
O Notícias ao Minuto entrou em o com o Governo para obter informações sobre este caso e aguarda uma resposta.
Ontem, recorde-se, foi confirmada a morte, em combate, na Ucrânia, do cidadão português Jerónimo Guerreiro, também pela Legião Internacional na região de Kupiansk. A família pediu apoio consular para a trasladação do corpo para Portugal.
Nesta sequência, questionado sobre se tem informações sobre mais cidadãos portugueses a combater na Ucrânia, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, disse "não haver confirmação" de números.
"Sabemos que há lá casos, mas não temos confirmação total porque são pessoas que estão e depois deixam de estar e eles não nos informam. Nem têm que informar, porque estão lá a título meramente pessoal", concluiu.
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