Há 9 focos de gripe das aves em Portugal. O que fazer e quais os riscos?

Numa altura em que o ministro da Agricultura pede "máximo cuidado" e a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) alerta que é necessário manter a vigilância, fique a par do que fazer para prevenir um foco de gripe das aves e quais os perigos para os humanos.

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Márcia Guímaro Rodrigues
12/02/2025 10:44 ‧ 12/02/2025 por Márcia Guímaro Rodrigues

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Gripe das aves

Mas, afinal, o que é a gripe das aves, como pode afetar os humanos e o que pode ser feito?

 

Segundo a DGAV, trata-se de uma "doença causada por vírus Influenza A que habitualmente provoca a morte das aves afetadas, quer domésticas, quer selvagens". Estes vírus, "embora adaptados às aves, podem transmitir-se ocasionalmente a humanos e a outros mamíferos".

"A transmissão a humanos pode ocorrer quando as pessoas têm os diretos e estreitos com animais infectados pelo vírus", explicou a DGAV. 

Que perigos existem para os humanos? E quais os sintomas?

De acordo com a DGAV, apesar de algumas estirpes virais de gripe das aves serem "transmissíveis aos humanos", para que tal aconteça, é "normalmente necessária a ocorrência de os próximos entre as pessoas e as aves infetadas". 

"Não existem evidências de transmissão aos seres humanos através do consumo de carne de aves e ovos", frisou a entidade.

A transmissão do vírus para humanos acontece raramente, tendo sido reportados casos esporádicos em todo o mundo. Contudo, quando ocorre, a infeção pode levar a um quadro clínico grave.

Também a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) explica que o vírus "tal como agora se conhece, não representa quaisquer riscos de pandemia dada a sua difícil transmissibilidade a humanos e entre humanos".

No entanto, em caso de infeção, o período de incubação "é de cerca de dois a quatro dias, embora se conheçam casos que vão até aos oito dias". 

"Os sintomas iniciais da doença são febre alta (tipicamente superior a 38ºC) acompanhada de rinite aguda, conjuntivite, faringite ou pneumonia. Nalguns casos, também foram referidos diarreia, vómitos, dores abdominais, sangramento do nariz ou encefalite", explicou a ASAE, acrescentando que, no período inicial, a infeção "não é facilmente distinguível de outros tipos de pneumonia, gastroenterite aguda, ou encefalite aguda".

"É preocupante a infeção de espécies em o próximo com humanos"

Lisa Kohnle, responsável científica da Unidade BIOHAW da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), é convidada desta quinta-feira do Vozes ao Minuto.

Márcia Guímaro Rodrigues | 09:02 - 16/01/2025

Tenho ou trabalho numa exploração avícola. O que fazer para evitar o contágio?

Todas as pessoas que entram em explorações avícolas "devem cumprir as medidas de biossegurança", incluindo trabalhadores, médicos veterinários, técnicos e pessoal da manutenção e visitantes.

Para evitar o contágio entre aves, os produtores devem proteger as "janelas dos pavilhões com redes à prova de aves e os ventiladores com grelhas", além de manter a "exploração vedada e a entrada fechada por portão com equipamento para desinfeção de veículos".

Além disso, é necessário colocar "meios de desinfeção de calçado à entrada da exploração e de cada um dos pavilhões" e ter "roupa e calçado para uso exclusivo na exploração". Segundo a DVAG, "os trabalhadores da exploração não devem ter capoeiras domésticas".

Quando compra aves, deve garantir que as adquire em estabelecimentos registados e aprovados. Se forem importadas, devem ter certificado sanitário.

Após a deteção de gripe das aves, devem ser eliminados "todos os resíduos, incluindo cadáveres e camas usadas, de forma segura" e ser feita a "limpeza e desinfeção seguidas de vazio sanitário após cada ciclo de produção". É também importante manter o espaço envolvente, vias de o e parques exteriores limpos.

Se suspeitar de gripe das aves, deve alertar os serviços da DGAV, o seu médico veterinário ou o médico veterinário municipal.

Tenho uma capoeira. Há perigo de infeção?

Segundo explica a DGAV, "o vírus poderá entrar na sua capoeira de várias maneiras", incluindo através de o direto ou por contaminação do ambiente com fezes de aves selvagens, pela entrada de aves domésticas ou de outros animais de explorações contaminadas, por pessoas que entrem na capoeira após o com aves infetadas ou pelo o das aves com água e estrume contaminados.

Para garantir a saúde das aves, deve assegurar que têm "o a água e alimentos adequados" e que "vivem em instalações em bom estado de conservação e que são limpas regularmente".

Deve também manter as aves num local protegido, guardando as aves numa zona vedada, separando-as por espécies e colocando cal em pó à volta do galinheiro, e colocar as entradas na capoeira.

Como saber se as aves estão infetadas com o vírus?

Deve estar atento à "morte repentina de várias aves saudáveis, em menos de 24 horas" ou à "morte repentina, durante vários dias, de várias aves". "Um grupo de 50 galinhas, no 1.º dia morrem 3 aves, no 2.º dia morrem mais 3, no 3.º dia morrem outras 4 aves, e por aí fora", exemplifica a autoridade.

Há outros sintomas a ter atenção como cabeça inchada, crista e barbilhões azulados, plumagem eriçada, diarreia, diminuição do apetite e redução da produção de ovos.

Onde foram registados os focos de gripe das aves?

Entre outubro de 2024 e janeiro de 2025, foram confirmados nove focos de gripe das aves de alta patogenicidade. Segundo informação da DGAV, foram registados nos distritos de Faro, Aveiro, Faro, Lisboa e Leiria.

Os casos mais recentes foram detetados no final de janeiro numa exploração de galinhas, patos e gansos no concelho de Albergaria-a-Velha, em Aveiro, e numa ave selvagem nas Caldas da Rainha, em Leiria.

Notícias ao Minuto Focos de gripe das aves em Portugal© DGAV

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