Político colombiano baleado durante discurso. "Atentado"? O que se sabe

O principal suspeito é um menor de 15 anos. Os vídeos do momento estão a circular nas redes sociais.

O senador conservador Miguel Uribe Turbay

© Raul ARBOLEDA / AFP) (Photo by RAUL ARBOLEDA/AFP via Getty Images

Cátia Carmo
08/06/2025 08:00 ‧ há 3 horas por Cátia Carmo

Mundo

Colômbia

O senador conservador Miguel Uribe Turbay, candidato à presidência da Colômbia nas eleições de maio de 2026, foi baleado e ferido gravemente em Bogotá no sábado, num evento de campanha, enquanto discursava. O suspeito da autoria do disparo é um adolescente de 15 anos, que foi detido no local com uma arma. Para o governo colombiano não há dúvidas: trata-se de um "atentado".

 

O momento em que Miguel Uribe Turbay foi baleado ficou registado em vários vídeos, que estão a circular nas redes sociais. Enquanto algumas das imagens mostram o político, de 39 anos, a discursar numa reunião de campanha na zona oeste da capital, quando foi interrompido por tiros, noutras vê-se o homem deitado no tejadilho de um veículo, com o corpo ensanguentado.

Foi o presidente da Câmara Municipal de Bogotá, Carlos Galan, que informou que Uribe estava a ser "tratado com urgência" e que "o atirador foi detido".

Menor de 15 anos suspeito de atentado contra senador colombiano

Menor de 15 anos suspeito de atentado contra senador colombiano

A Procuradoria colombiana confirmou hoje que o autor suspeito do atentado de sábado contra o senador e pré-candidato presidencial Miguel Uribe Turbay é um menor de 15 anos, que foi detido no local com uma arma.

Lusa | 06:24 - 08/06/2025

O ataque ocorreu no bairro de Modelia, distrito de Fontibón, na zona oeste da capital colombiana, Bogotá.

Uribe foi baleado duas vezes, de acordo com a procuradoria, mas os paramédicos da ambulância que o conduziu ao primeiro centro médico especificaram à imprensa local que o político terá sido atingido duas vezes na cabeça e uma vez num joelho.

"O atentado contra o pré-candidato do Partido Centro Democrático, que levou dois tiros no corpo e no qual outras duas pessoas também ficaram feridas, ocorreu no bairro Modelia de Fontibón (...) onde um menor de 15 anos foi detido com uma arma de fogo tipo pistola Glock (9 milímetros)", informou a Procuradoria colombiana.

Uma assistente de enfermagem da clínica disse à imprensa local que o estado do senador era extremamente delicado no momento da sua issão: "Ele estava inconsciente. O seu estado era crítico", revelou, acrescentando que aram "45 minutos a reanimá-lo".

Horas mais tarde, e devido à gravidade dos ferimentos, o senador foi transferido de ambulância para a Fundação Santa Fé, um hospital privado e uma das instituições médicas mais conceituadas do país, localizado no norte da capital colombiana, onde o senador terá sido submetido a uma cirurgia.

Por volta das 2h45 da madrugada (8h45 de domingo em Lisboa), o deputado Christian Garcés, membro do partido 'uribista' Centro Democrático (CD), o mesmo do político atacado, revelou que o senador continua em estado crítico após a cirurgia.

"Recebemos a informação de María Claudia Tarazona, mulher de Miguel Uribe: 'O Miguel saiu da cirurgia, conseguiu'. Agora, é necessário um grande esforço na sua recuperação", escreveu na rede social X o deputado Christian Garcés.

Líderes dentro e fora da Colômbia condenam "categórica e energicamente o ataque"

O governo do presidente de esquerda, Gustavo Petro, "denunciou categórica e energicamente o ataque" ao senador conservador.

Petro cancelou uma viagem que previa fazer na noite de sábado a Nice (França) para participar da Cimeira dos Oceanos da ONU, alegando a necessidade de permanecer no país para "dar prioridade a todas as ações institucionais necessárias para garantir a segurança, esclarecer os factos e reforçar a confiança no Estado de direito", segundo um comunicado do Governo.

Já o ministro da Defesa colombiano, Pedro Sanchez, condenou o atentado e anunciou na rede social X que as autoridades oferecem uma recompensa até 3 milhões de pesos (638,7 mil euros) por qualquer informação que leve à captura dos responsáveis.

"Espero sinceramente que ele esteja bem e fora de perigo", escreveu a ministra dos Negócios Estrangeiros, Laura Sarabia, na rede social X.

A tentativa de homicídio de Uribe Turbai foi também condenada por várias praças diplomáticas, a começar por Washington, onde secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, atribuiu a sua responsabilidade à "violenta retórica de esquerda" que "emana dos mais altos níveis do governo colombiano".

Washington acusa

Washington acusa "esquerda" colombiana por atentado contra senador

O secretário de Estado norte-americano Marco Rubio atribuiu este sábado a responsabilidade do atentado contra o senador colombiano de direita, Miguel Uribe Turbay à "violenta retórica de esquerda" que "emana dos mais altos níveis do governo colombiano".

Lusa | 06:20 - 08/06/2025

Richard Grenell, enviado especial de Donald Trump para missões especiais, também classificou o ataque contra o "candidato conservador à presidência da Colômbia" como um "Horror", numa mensagem divulgada no X.

Às acusações da istração Trump juntaram-se as de congressistas da Florida, como o senador Rick Scott, que apelou a Petro para que faça tudo o que estiver ao seu alcance para garantir a segurança de todos os cidadãos, referindo-se ainda às "constantes" ameaças de morte recebidas pelo ex-presidente [Álvaro] Uribe, que "nunca" deveriam ser toleradas.

Por sua vez, a representante da Câmara da Florida, María Elvira Salazar, uma conhecida crítica de Petro, manifestou-se "horrorizada" com o ataque contra o senador conservador colombiano, também na rede social X.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, afirmou através da rede social X que em democracia a violência "não tem lugar nem justificação", manifestando a sua "condenação absoluta do ataque contra Miguel Uribe Turbai".

Enquanto os ministérios dos Negócios Estrangeiros (MNE) mexicano e peruano condenaram "energicamente" o atentado, com o primeiro a sublinhar que "a violência política é inissível" numa decmocracia e o segundo a manifestar "o mais firme repúdio por qualquer ato de violência que ponha em causa a vida ou prejudique a paz social e o bem-estar dos nossos povos".

De igual modo, o presidente do Equador, Daniel Noboa, afirmou ter recebido a notícia "com profundo pesar", acrescentando a condenação de "todas as formas de violência e intolerância". "Não estão sozinhos", acrescentou o chefe de Estado no antigo Twitter.

O Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Colômbia e a Missão de Apoio ao Processo de Paz da Organização dos Estados Americanos (MAPP/OEA) condenaram o atentado e pediram garantias para as eleições de 2026.

"Condenamos o atentado contra o senador e pré-candidato do Centro Democrático Miguel Uribe Turbay. Exortamos as autoridades a investigar, processar e punir os responsáveis. Apelamos à garantia dos direitos políticos e ao debate político sem violência. Expressamos a nossa solidariedade para com o pré-candidato e a sua família", afirmou o gabinete da ONU na rede social X.

Quem é Miguel Uribe Turbay?

Miguel Uribe pertence ao partido Centro Democrático, cujo líder é o influente ex-presidente Álvaro Uribe, que governou a Colômbia entre 2002 e 2018. No entanto, não há qualquer relação de parentesco entre os dois, mas muita afinidade.

O senador conservador, um dos principais pré-candidatos às presidenciais no próximo ano pela direita conservadora, anunciou em outubro último que aspirava suceder a Petro, de quem é um forte crítico, em 2026.

Aos 39 anos, com uma educação de elite e um apelido que evoca tanto o poder político como as feridas do conflito colombiano, Uribe Turbay vinha a emergir como o rosto da renovação geracional do Uribismo.

Licenciado em direito pela Universidad de los Andes, com mestrados em Políticas Públicas pela mesma instituição e em istração Pública pela Universidade de Harvard, Uribe Turbay combina o legado da família com uma carreira política própria.

É filho do ex-conselheiro conservador Miguel Uribe Londoño e da jornalista Diana Turbay, assassinada em 1991 durante uma operação de resgate fracassada quando estava sequestrada pelo cartel de Medellín.

É também neto do antigo Presidente Julio César Turbay Ayala, que governou a Colômbia de 1978 a 1982.

[Notícia atualizada às 08h52]

Leia Também: Ataque a senador? Há "protocolos de segurança que não foram cumpridos"

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