Prevê-se que as temperaturas ultraem os 40 graus Celsius (ºC) esta semana, já que uma das maiores reuniões religiosas do mundo começa oficialmente na quarta-feira.
O 'hajj' é a peregrinação islâmica anual a Meca, na Arábia Saudita, que dura cinco a seis dias, principalmente ao ar livre.
É um dos cinco pilares do Islão, além da profissão de fé, da oração, da esmola e do jejum.
É obrigatória uma vez na vida para todos os muçulmanos que tenham meios económicos e estejam fisicamente aptos a fazê-la.
Alguns muçulmanos fazem a viagem mais do que uma vez.
Até domingo, mais de 1,4 milhões de peregrinos tinham chegado à Arábia Saudita, segundo as autoridades, que já trataram 44 casos de insolação.
Em 2024, o termómetro atingiu 51,8 ºC e morreram 1.301 fiéis, segundo dados oficiais.
A rica monarquia do Golfo mobilizou este ano mais de 40 agências governamentais e 250.000 funcionários públicos para tentar atenuar os riscos associados ao calor.
Os adiços cobertos foram alargados em 50.000 metros quadrados e foram destacados milhares de socorristas, segundo a agência de notícias -Presse (AFP).
As autoridades também disponibilizaram mais de 400 pontos de água potável e milhares de vaporizadores.
Serão ainda usadas tecnologias de Inteligência Artificial para monitorizar os movimentos e gerir melhor os fluxos, com o apoio de dados recolhidos por uma frota de 'drones' espalhados por Meca.
Apesar do calor sufocante, os peregrinos expressaram satisfação por chegarem a Meca.
"É realmente uma bênção", disse Abdoul Majid Ati, um advogado filipino e conselheiro da 'sharia' (lei islâmica), perto da Grande Mesquita, que alberga a Kaaba, a estrutura negra para a qual os muçulmanos se dirigem para rezar.
"Sentimo-nos muito tranquilos e seguros aqui", declarou à AFP.
Abdul Hamid, da Nigéria, disse estar "muito feliz" por fazer a segunda peregrinação consecutiva, com apenas 27 anos de idade, mas itiu que as temperaturas em Meca são "muito, muito altas".
As mortes do ano ado ilustram a vulnerabilidade dos fiéis aos extremos climáticos, com 2024 a ser o ano mais quente de que há registo, de acordo com o observatório climático europeu Copernicus.
Segundo as autoridades, 83% dos 1.301 peregrinos que morreram em 2024 não tinham uma autorização oficial, que é paga e concedida de acordo com quotas, e que dá o a infraestruturas mais adequadas, como tendas com ar condicionado.
As autoridades sauditas "foram apanhadas de surpresa, porque a intensidade do calor foi tão elevada que as medidas de adaptação falharam", disse Fahad Saeed, do instituto alemão Climate Analytics.
Este ano, as autoridades lançaram uma vasta campanha contra os peregrinos não autorizados, intensificando as operações policiais, a vigilância e as mensagens de aviso para os impedir de chegar a Meca.
No domingo, as autoridades anunciaram que tinham recusado cerca de 270.000 pessoas nas entradas de Meca por falta de autorização.
As autorizações são atribuídas aos países de acordo com um sistema de quotas e distribuídas por sorteio.
Mas o elevado custo está a levar muitos fiéis a optar por rotas alternativas, muito mais baratas mas ilegais.
O fenómeno agravou-se desde que a Arábia Saudita flexibilizou a política de vistos para atrair mais turistas e investidores.
Ao mesmo tempo, as multas por participação ilegal no 'hajj' duplicaram para 20.000 rials (4.720 euros), com uma proibição de entrada no reino durante 10 anos.
A gestão das multidões também continua a ser um grande desafio. Em 2015, uma debandada matou cerca de 2.300 pessoas.
A Arábia Saudita acolhe os santuários mais sagrados do Islão, em Meca e Medina, e ganha milhares de milhões de dólares todos os anos com as peregrinações.
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