"O Terminal de Carvão da Matola, por vocação e génese, é uma infraestrutura ferroviária. Foi pensado e concebido para receber carga proveniente da ferrovia. Não é, por isso, aceitável que estejamos hoje a assistir a um crescimento do transporte rodoviário de carvão e magnetite --- dois produtos que sempre tiveram a ferrovia como meio de transporte natural", afirmou o chefe de Estado, de visita ao local, nos arredores de Maputo.
"Daí que é nosso objetivo continuar a investir na ferrovia para que tenhamos cada vez menos camiões e mais vagões a transportarem carvão e magnetite. Reafirmamos, assim, a nossa determinação em reverter esta tendência. A ferrovia deve reassumir o seu papel central no corredor. Para tal, urge acelerar uma mudança estrutural para elevar a eficácia da componente ferroviária e impulsionar maior competitividade do 'corredor de Maputo'", acrescentou.
Daniel Chapo falava na inauguração do novo edifício dos escritórios da operadora Grindrod, no Terminal de Carvão da Matola, marcando em simultâneo o início das obras de expansão e aumento de capacidade deste terminal, que representam cerca de 27% do volume total da carga manuseada no porto de Maputo, sobretudo da África do Sul, exportada através da capital moçambicana.
"O investimento agora lançado, na ordem de 80 milhões de dólares (70,6 milhões de euros), irá permitir o crescimento da capacidade do Terminal de Carvão da Matola, das atuais oito milhões de toneladas para 12 milhões de toneladas anuais, num horizonte de dois anos", destacou.
Chapo defendeu uma "integração operacional" entre a empresa estatal Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) e os seus terminais, que "não deve ser apenas uma intenção, deve tornar-se realidade", com "benefícios não somente a nível técnico-operacional, mas também impactos positivos nos domínios económico, social e ambiental, incluindo a criação de mais postos de emprego ao longo do corredor".
Recordou que foi já lançada igualmente a primeira pedra do projeto de expansão do Terminal de Contentores, de 160 milhões de dólares (141,2 milhões de euros) e que permitirá "mais do que duplicar a capacidade instalada", seguindo-se agora o da expansão do Terminal de Carvão, ambos inseridos na extensão da concessão portuária à Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo (MPDC), por mais 25 anos.
"Hoje estamos aqui a testemunhar mais um o importante no quadro da extensão da concessão portuária e na consolidação do potencial logístico deste nosso país, Moçambique, que tem uma localização estratégica para ser um 'hub' logístico aqui na região da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral]".
A concessão do porto de Maputo à MPDC vai vigorar até 13 de abril de 2058, segundo os termos da adenda ao contrato, aprovada por decreto do Governo moçambicano publicado em abril do ano ado, sendo que a concessionária prevê investir nos primeiros três anos 600 milhões de dólares (571 milhões de euros) na expansão da infraestrutura portuária.
A MPDC é uma empresa privada moçambicana que resultou da parceria entre os CFM e a Portus Indico, esta constituída pela Grindrod, DP World e a empresa Mozambique Gestores.
A expansão já em curso do terminal de contentores do porto de Maputo vai permitir aumentar para 650 metros de cais e receber navios de até 366 metros.
"Esta modernização não só aumentará a eficiência operacional do terminal como também tornará as taxas de frete mais competitivas, beneficiando diretamente os exportadores e operadores logísticos moçambicanos", sublinha a MPDC, garantindo que permitirá também o reforço das exportações minerais e agrícolas, a redução dos custos logísticos e a criação de novos empregos diretos e indiretos.
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