Paulo Rangel, numa conferência de imprensa conjunta com o homólogo alemão, Johann Wadephul, que se encontra de visita a Lisboa, salientou a "preocupação" de Lisboa, pois a Venezuela conta com uma comunidade portuguesa que ultraa o meio milhão de pessoas.
"Todos conhecem qual é a posição portuguesa e, de resto, europeia quanto à situação na Venezuela. Estas eleições foram marcadas por uma baixa participação e isto também tem uma expressão que eu julgo que é evidente", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros português.
"A situação continua a ser uma que nos preocupa, designadamente porque sabemos que temos uma comunidade portuguesa na Venezuela muito grande, que ultraa o meio milhão de pessoas e, obviamente, seguimos toda a realidade política com muita atenção", concluiu Paulo Rangel, que se escusou a fazer mais comentários.
Marcadas pela detenção de 70 pessoas e pelo boicote da maioria da oposição, as eleições venezuelanas foram ganhas pelo partido do Presidente Nicolas Maduro.
Segundo os números oficiais do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) divulgados ao final da tarde de domingo (noite em Lisboa), o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) ganhou 23 dos 24 cargos de governador, deixando apenas o estado de Cojedes, no centro-oeste, para a oposição.
A coligação de Maduro obteve 82,68% dos votos nas listas nacionais para as eleições legislativas, enquanto se aguarda a contagem dos resultados para cada círculo eleitoral, informou o CNE.
A afluência às urnas, segundo o CNE, foi de pouco mais de 42%, mas a oposição contesta esta participação.
Entre as 70 pessoas detidas antes do escrutínio, conta-se Juan Pablo Guanipa, um dirigente da oposição próximo da líder Maria Corina Machado, detido na sexta-feira e acusado de pertencer a uma "rede terrorista" que procurava "sabotar" as eleições de domingo.
Mais de 400.000 membros das forças de segurança foram destacados para as várias assembleias de voto.
Os distúrbios pós-eleitorais que se seguiram às eleições presidenciais de 28 de julho resultaram em 28 mortes e 2.400 detenções, das quais 1.900 pessoas foram libertadas até agora.
"Esta vitória é a vitória da paz e da estabilidade para toda a Venezuela", exultou Maduro perante os apoiantes.
"Hoje, a Revolução Bolivariana mostrou que é mais relevante e mais forte do que nunca. Hoje, demonstrámos a força do chavismo", acrescentou Maduro, ao falar sobre o movimento fundado por Hugo Chavez, do qual é herdeiro.
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