"Só vai ser possível resolver o problema do planeta se soubermos como investir no planeta, não nas transações sobre o planeta", explicou à Lusa o presidente da Fundação Oceano Azul, José Soares dos Santos após a do memorando.
O responsável falava à margem do Fórum Financeiro da Economia Azul, evento que acontece no Mónaco a dois dias do início da Conferência da ONU sobre o Oceano e na qual a fundação participa.
"Este trabalho que queremos desenvolver com a London School of Economics visa perceber e trazer para os balanços dos países a importância do que levou 4,5 biliões de anos a criar [a Terra] e que estamos simplesmente a derreter", alertou Soares dos Santos.
A ideia é "tratarmos sobre o valor da natureza, não é o valor das transações sobre a natureza, que é o que estamos sempre a falar, queremos falar sobre o bem, porque isso depois vai condicionar a forma como esse bem é transacionado".
"Achamos que há espaço e criatividade suficiente para começarmos um trabalho que irá durar quatro a cinco anos em que nós no final temos que ter uma forma de perceber melhor todo o valor que foi criado nos últimos 4,5 biliões de anos", adiantou.
Em comunicado, a fundação refere que esta iniciativa, intitulada "Re-valorizar o Capital Natural Azul", vai desenvolver ferramentas para incorporar o capital natural do oceano na economia, nomeadamente em estruturas de investimento e mercados financeiros e contribuindo para que o valor natural seja considerado no centro das decisões económicas globais".
"Na base deste racional está o facto de o oceano, apesar de ser o motor da estabilidade climática e a economia do oceano ser essencial para a descarbonização, permanecer arredado do centro das tomadas de decisão política e económica", acrescenta.
Para a fundação, "os seus serviços naturais não são calculados, sendo, regularmente, tratados como externalidades ou percecionados como recursos inesgotáveis, criando uma profunda falha no mercado".
Neste sentido, acredita que "a capacidade única a nível mundial de investigação económica, jurídica e ambiental da London School of Economics contribuirá para uma mudança fundamental na forma como as finanças públicas e privadas encaram a proteção do oceano e apoiar a integração de estratégias financeiras azuis, investimentos baseados na natureza e na economia azul regenerativa".
Leia Também: Fundação Oceano Azul critica Estados por falta de investimento